terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Provocação em jeito de Parabéns
Agradecendo a lembrança da Sta Alice, e como prenda de aniversário a todos nós, aqui renovo o primeiro post da Serpente Emplumada, intitulado "Provocações":
"O "eu" constitui o privilégio apenas daqueles que não vão até ao fim de si mesmos" - Emil Cioran, A Tentação de Existir .
Que possamos ir e residir sempre no fundo, sem fundo, de nós mesmos!
"O "eu" constitui o privilégio apenas daqueles que não vão até ao fim de si mesmos" - Emil Cioran, A Tentação de Existir .
Que possamos ir e residir sempre no fundo, sem fundo, de nós mesmos!
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14 comentários:
"O Caminho da Serpente é afinal a via do próprio espírito que, alheio a todas as determinações, formas e figuras, em si mesmas ilusórias, as assume negando-se e negando-as, percorrendo e trespassando e transcendendo todas as determinações axiológicas e ontognosiológicas, todos os níveis de valor, ser e verdade, todas as mutações e modalidades da consciência e da experiência, sem se deter no suposto e tradicional cume da sua pirâmide - Deus - e sem se deter sequer em si, mas anulando-se e libertando-se de qualquer ponto de chegada...
O Incriado é o Espírito da Serpente... "
In, Paulo Borges - "Deus Existe, com Efeito, para si próprio; mas Deus está Enganado". Além -Deus e Ilusão de Deus em Fernando Pessoa"
Parabéns a todos os que criaram, a partir do Incriado, tudo o que por aqui se incluiu e manifestou, porque a Serpente nada renega tudo transmuta, tudo assume e tudo perde...Agradeço a alegria e a tristeza que se partilhou, o belo e o cru que por aqui se manifestou.
E que ao seu principiador e princípio, seja dado, como ao que está para Além de si, o poder de a todos sempre inspirar com formas e forças que rompem no espírito finito, a vontade de infinito, ou nele insinue as formas subtis da sua mudança...Parabéns a ele, que do Incriado que lhe sopra o informulável, nos lembre que somos essa possibilidade de negar para sermos o que ainda não somos...
“Era uma vez...” num tempo que não era expansão, que não era contracção, nem caos, nem ordem, nem suspensão, nem fluir, (...) nem movimento nem imobilidade... Nesse Tempo sem tempo, todos os dias a Serpente vinha deitar-se a meus pés. Ao início, confesso que me assustei. Onde é que estou? Que lugar é este onde as serpentes param na noite transparente dos nossos pés. Que estranho lugar é este?
Lá os ouvidos não precisavem de existir, mas a música soprava ventos e sons de metais raros e levava-os para o mar. Lá os olhos não precisavam de ver, mas as imagens surgiam por si próprias, apareciam, saíam, apareciam de novo, transformadas, seguindo rotas de luz sem luz, seguindo caminhos sem bússula para nos perdermos... Lá não era preciso falar. O silêncio falava por nós. Sonhei este país em latitudes próximas e em coordenadas de alma fui buscá-lo, onde sempre esteve.
(...)
A Serpente sempre soube, desde o início dos tempos que não têm início, que, quando se quer agarrar o tempo e levantá-lo em louvor, há sempre uma Rosa que pode ser comida, ou morta pelo ruído estrondoso dos cavalos.
(...)
Pedra com luz lá dentro. Dessa pedra foi retirado o punho da espada que aqui se ergue. Nela está gravada em nobre metal, uma Rosa. A Serpente nunca foi de se deixar agarrar,vem do futuro solo da saudade...
Parabéns Serpente! Porque neste caminho, o encontro e reencontro com o Eu - que somos todos - acontece sempre que um novo texto - pensamento, poema, aforismo, devaneio entre tantas outras formas de expressão - é publicado. Não esquecemos também a fotografia, claro. Uma outra forma de imortalizar o sublime, muitas vezes o sublimado. Serpentários caminhantes aqui oferecem muito da sua forma de ser, de não ser, de estar e oferecer tudo, tudo o que demais se pode oferecer escrevendo, escrevendo sem travão, como se essa fosse a única e plausível explicação para entender este particular fenómeno, que se chama, tão simplesmente, viver. Dia após dia. Pé após pé... fechando ciclos de futuro e pegadas de passado, tantas vezes moldadas em perfeição à sola dos pés dos caminhantes. Marcas minhas e tuas. Pegadas nossas, rumo à perfeição do entendimento, sempre, eternamente, inatingível. O caminho é longo. Mas a Serpente cresce. Os membros desenvolvem-se lentamente. Suas plumas, a prova da regeneração. A graciosidade do voo, cada vez mais delineada. Um rumo aparente. Trajectória indefinida. Deslocamento ao infinito. Sem retorno provável, pois há muito que o seu corpo se estendeu para lá do horizonte, transcendendo a linearidade, rumo ao Universo. Seja esta a Serpente, nossa vera percepção. Alado fenómeno da vida, pluma, volante, razão. Sente a Serpente que inicia, um longo voo inacabado; o seu voo é a pergunta: Como limitar o ilimitado? Abraço. Sempre!
A Serpente anda a fazer caminho …
Mas no caminho da Serpente num dia como este, de festa e esbanjamento de alegria, não deveria haver copos, festa e Folia?
Com a taça do Incriado, ergo Saúdes para infindos anos na infinita vida da Serpente.
Salvé a todos!
E se me/vos deixassem em paz? Nada tenho a ver com as vossas criações ébrias. Não estou em taça alguma. Já há muito despertei de me sonhar Deus.
Se bem que dando um tiro no pé das minhas próprias razões ou ausência delas, e pese embora (se bem que a mim seja a quem menos pese) o facto de poder ir a óbvia contra-corrente do tom que aqui perpassa, que obviamente muito respeito, confesso que procuro “resignar-me” (ao mesmo tempo que nisso me revolto) com o facto de ser provavelmente a alma menos sensível a aniversários.
Admito-o como condição do ser e não ser, do que sou no que não sou. Problema meu!
Anais, centúrias, milénios e o que mais seja da ponderação da cronologia do que “passou” são-me de sempre penoso convívio e da mais árdua aceitação.
Coisas como aniversários, passagens de ano e outras afins comemorações dão-me sobretudo uma indefinível nostalgia de algo que não logro identificar, quiçá porque subconscientemente não quero, na verdade, mesmo identificar o que seja.
Não nego a humana (e logo nisso inumana) marca, em nós todos, de cada dia vivido e do que em cada dia deixa marca que vá além dessa fímbria do estar mera ou superlativamente sendo. Mas dar assim "im-portância" ao que por nós passa e ao que por onde passamos é, parece-me, a um tempo inútil e da mais suma premência.
Inútil, porque nada acrescenta ao vivido (lá onde e quando foi vivido), à sua frescura e ao seu irremediavelmente heraclítico não mais voltar.
Premente porque, à velocidade eventualmente imponderada a que vivemos ou nos deixamos viver, o fácil esquecimento é o que mais simples haja de acontecer, ainda quanto às coisas menos fáceis de esquecer e de porventura não deverem sê-lo.
Mas tendo eu sempre a pensar que uma coisa é lembrar (e talvez co-memorar) e outra, bem diversa, é festejar, posto que o que pode ser festivo para uns, é bem provável que o não seja (ou lhe seja o exacto contrário) para outros. Ou até, nem uma coisa nem outra.
Nada disto deve (pela simples razão de que nem sequer poderia tal consumar) inibir quem quer que seja de comemorar e festejar, nem também quem prefira o esquecer (que aqui é uma espécie de lembrar "de costas") ou o puro e simples não lembrar (que é antes um esquecer "de lado").
Seja como for, amigos - e, de entre eles, Paulo Borges, esse ser tão plenamente amável, nos vários e bons sentidos da palavra, e que prefiro não mais do que assim qualificar para não limitar o que nisso não cabe – seja como for, eu, que sou retardatário no aqui me apresentar con-jugando no serpentear os verbos postar e comentar (Paulo Borges - ele, que sempre me não esquece, até no que eu de mim esqueço - desde logo me convidou a que aqui viesse meter colher e o resto a que haja lugar), eu, como sempre caudaloso, vos saúdo pois em salutar e catártica folia, na qual toda a diferença se atenua, toda a indiferença por si mesma cai fácil e, na festa de estar vivo e ser alguém (ainda que o Ninguém que, caminheiros, ou “paradeiros”, sejamos), demos razão à memória que de tais momentos nos recorde, e razão também ao seu olvido, que disso não faz mais do que é de verdade: ser de verdade o que não há jamais ...
Assim, se bem me entendem, aqui deixo meu voto, à serpente "devoto":
Morte (lenta) à Serpente Emplumada!
Longa vida ao emplumar da Serpente!
Viva a vida, que nos faz aqui estar a festejar o que está vivo no que morreu já!
“Viva” a morte, que lhe dá inteiro sentido e sentir de sempre o vivermos !
Viva!
Viva só por dizer … Viva!
Saúde!
Muita vida e muito caminho!
Comemorar e festejar é comigo: Haja Festa! Haja Folia! Haja copos!
Festejemos todos... onde fica a Taberna? Pode ser na Tasca do TiZé? A que horas vamos?
O Manuelinho não aparece
o Tizé está fechado
fica tudo a pão e água
a chorar o triste fado
Grande Alice, grande Santa!
Agradeço-nos todas as (des)comemorações e, ao cair da meia-noite, ergo a taça cheia vazia, vazia plena, à saúde de todos os inimigos, indiferentes e amigos!
Bem hajam!
Haja Folia!
Parabéns, e boa fortuna para a continuação do projecto.
À Serpente Encontrada, eu brindo e sorrio!
olha, não sabia! ainda bem que passei aqui... parabéns e felicitações a todos: a serpente somos todos nós!
as santinhas agora são mesmo atrevidas e até vão para os copos! não queres tomar um copo comigo, santa alice?
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