O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

poemas em pedra - I

6 comentários:

Luiz Pires dos Reys disse...

Foto de calar o próprio silêncio!
Ocorre-me aquele celebrado poema ("Liberta em pedra") de Natércia Freire, tão esquecida hoje entre nós.
Cito-o, entrecortado (pelo que, a ela, peço perdão):


"Livre, liberta em pedra.
Até onde couber
tudo o que é dor maior,
por dentro da harmonia jacente,
água, fria, atroz,
de cada dia.

(…)
Importa a liberdade
de não ceder à vida
um segundo sequer.

Ser de pedra por fora
e só por dentro ser.

(…)
Livre, liberta em pedra,
voltada para a luz
e para o mar azul
e para o mar revolto...
(…)

Entre o peso das salas,
da música concreta,
de espantalhos de deuses,
que fará o Poeta?

Natércia Freire

(in “Poemas e Liberta em Pedra” , pág. 94,
Soc. de Expansão Cultural, Lisboa, 1967)

platero disse...

as pedras - julgo que sobretudo nos climas tropicais - ganham dimensões e formas inusitadas.

lembro Nampula, em Moçambique, onde ´são frequentes cópias do Pão-de-Açucar brasileiro.

Bom Novo Ano para ti

Anónimo disse...

As pedras são os relevos da poesia do mundo.

Anónimo disse...

Um bom ano para ti, Francisco.

As pedras e os poemas em pedra, são - aprendi-o recentemente - as formas naturais onde repousam os que connosco afloram e nos visitam do mesmo solo das nossas memórias. São geografias de alma e espíritos do lugar, isso já tínhamos aprendido.

Um abraço, Saudades

guvidu disse...

da foto: a sensualidade de uma natureza prenhe, ousadamente graciosa e exposta!o contorno de um meigo céu que a beija em jeito de protecção, e amplexo.

adorei o poema q Lapdrey aqui citou e o coentário da Saudades, por tudo isto, é bom estar num espaço como este :)

grata

Marta Rema disse...

fabuloso. Benguela tb?