quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
O homem que tem fé, obtém o conhecimento, disciplinando todos os sentidos; e, deste conhecimento detentor, então, muito depressa chega à paz suprema.
Bhagavad Gita
4ª lição
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Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".
"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"
- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente
Saúde, Irmãos ! É a Hora !
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3 comentários:
Proponho o versículo que dá sequência a este, que me parece o aclara e esclarece, pela contrapolaridade e complementareidade com este. Na verdade, para lograr enxergar o supremo, é-nos talvez mais fácil ir por aquilo que está ao nível em que nos debatemos. Diz assim:
“Está votada à perda a alma ignorante e sem fé, que de tudo duvida; pois nem este mundo, nem qualquer outro, e menos ainda a felicidade, são para o homem entregue apenas à dúvida”. (Bhagavad Gita, IV,40).
A Gita, pela boca do Senhor Krishna, ensina com efeito que “o homem de fé chega ao conhecimento quando a tal ele se entregue por inteiro, amestrando os sentidos”, (IV,39).
Mas, se bem que “todas as acções tenham seu fim último no conhecimento” (IV, 33), para atingir “a suprema paz” (idem) importa que o homem consuma até o sacrifício do próprio conhecimento, esse “sacrifício maior que todo o sacrifício material”(id.).
Compreender que um tal sacrifício (daquilo mesmo que nos parece ser prévio e indispensável até à menor das virtudes) é a obra real da sua inteira sagração ao Supremo - eis, parece-me, o desafio maior para quem almeje a mais extrema plenitude de si, na máxima entrega a um propósito de vida que confira sentido até ao que pareça não ter sentido.
O que, diga-se, não é de fácil empreender pois, “pela miragem dos opostos, que engendra a atracção e repulsa, todo o existente está mergulhado, desde que nasce, no descaminho da ilusão” (id. VII, 27) – o que singularmente nos remete para o magnífico excerto de Dzongsar Jamyang Khyentse, publicado há pouco aqui, por Paulo Borges.
e o sacríficio... o ofício sagrado, tão incomum nos nossos dias...
fácil? o fácil não tem lugar aqui!
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