O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 14 de dezembro de 2008

.

De joelhos. É um já!
Inclina-te. É um sempre!
Venera a inimaginável vida. É tudo.

24 comentários:

Anónimo disse...

" Y.A.: Vous voulez ajouter quelque chose?
M.D.:je ne sais pas ajouter.Je sais seulement créer. Seulement ça."

Marguerite Duras

Luiz Pires dos Reys disse...

Agradabilíssima surpresa!
Um haiku matinal, em português, com sábio e subtilmente simples sentir português, sem aquele “cheiro” habitual a importação zen sem haver genuína vivência zen, com a pobre, costumeira e respectiva epigonia barata, e que normalmente sempre fica abaixo do pior dos cultores deste tão simplesmente belo modo japonês de ser poesia.
Grato, Luiza!

Ana Moreira disse...

A cada vez mais súbita,
A cada vez mais breve,
E ...cada vez mais vera!

Anónimo disse...

Fala
Cala
Diz tudo

Anónimo disse...

"George - [...] Mas se a nossa civilização foi uma decorrência do monoteísmo que opôs o espírito à natureza material, a pessoa à coisa, criando esse enorme deserto da existência, pergunto: como fazer reverdecer e florescer as vertentes polimórficas da Vida?"

- Vicente Ferreira da Silva, "Diálogo do Mar", in "Dialéctica das Consciências e outros ensaios", p.514.

Anónimo disse...

Luíza,

Belíssimo!
Grata.

Anónimo disse...

De joelhos. Para agradecer.
Inclinada. Para ler!
Prometo, Vénus amiga, esperar a inimaginável Vida. É ainda pouco, eu sei...

Anónimo disse...

Porque venerar o que se é?

Anónimo disse...

Cara Luiza Dunas,

Este seu belo poema recorda-me um aforismo, que anotei há dias numa livraria de Lisboa:

"Venera apenas o que não sabes"

- Frederico Gaspar, "Jamais", Coimbra, Edições do Espanto, 1998, p.57.

Anónimo disse...

"George - Justamente foi essa a impressão de fundo que me acompanhou o dia inteiro, e ainda me acompanha: a estranheza de ter pés, mãos, olhos, nariz, esse conjunto de formas e formações injustificadas em sua totalidade. Qual a diferença entre ser como sou, um homem, ou um polvo, ou um monstro qualquer? Sentia-me perambulando pelas ruas, como uma forma atrabiliária e atípica, um ser submarino a mover-se no aquário translúcido do mundo"

- "Diálogo do Espanto", in "Dialéctica das Consciências e outros ensaios", p.530.

Como somos a inimaginável vida! Mais "estranha forma de vida" que a cantada por Amália é esta, estarmos aqui, andarmos aqui, haver mundo e sobretudo sermos assim, com um modo, uma forma, que não recordamos haver pedido, encomendado, concebido ou criado! Isto é terrível, isto é terrível, isto é terrível! Poder-se-ia talvez venerar a Vida sem forma, nem modo. Esta só se pode estranhar!

Anónimo disse...

Caro Long,


o Casto Severo já explicou isso que pergunta lá atrás. E até deixou uma bela indicação para se pensar.

Anónimo disse...

O senso comum, junto com todos os religiosos, filósofos, artistas, políticos, moralistas, etc., saturaram tanto a vida de sentidos que a converteram em tudo menos inimaginável.

Paulo Borges disse...

Luísa, saúdo a pujança! Temo não ter joelhos para este chão ou não haver chão para os joelhos.

Anónimo disse...

Certo, Boa Memória! Adoraria ver esse trabalho desenvolvido por ti, aqui, na Serpente Emplumada... a "via para a sabedoria" onde Casto Severo citava que "Não somos mais do que uma bolha de ar"...

Anónimo disse...

Mas qual trabalho?

Anónimo disse...

Caro Anónimo,

Boa Memória sabe. Casto Severo também... tens que ler o que ele por aqui publicou, nomeadamente, em Março ...

rmf disse...

De joelhos é um já!
Belissimo.

Beijos

Anónimo disse...

Ajoelhou! Tem que rezar...

Anónimo disse...

Prometo reflectir sobre tão interessante matéria, sobre tão pertinente temática. A matéria em discussão encontra-se, de facto, como diz a Interessada, no arquivo da Serpente publicada pelo caríssimo Casto Severo, o nosso intelectual enfeitiçado por Eros.

P.S. Como sou boa memória, Interessada, não te direi quando…

Anónimo disse...

"J'ai voulu dire
que vous aimais.
Le crier.
C'est tout."

Anónimo disse...

« Tens um revólver no bolso, ou estás apenas contente por me ver?»

Mae West

Anónimo disse...

(.../)

"E é Sofia agora que, ajoelhada, presta culto ao adamantino pilar do mundo, acolhendo-o e sorvendo-o para o íntimo de si mesma, levando a serpente ígnea que lhe brota nas entranhas a rodopiar na língua que enlouquecida peregrina pela sua turgidez vibrante e incandescente.” ( Paulo Borges, in Línguas de Fogo)

Anónimo disse...

(.../)

"E é Sofia agora que, ajoelhada, presta culto ao adamantino pilar do mundo, acolhendo-o e sorvendo-o para o íntimo de si mesma, levando a serpente ígnea que lhe brota nas entranhas a rodopiar na língua que enlouquecida peregrina pela sua turgidez vibrante e incandescente.” ( Paulo Borges, in Línguas de Fogo)

Anónimo disse...

Feliz Aniversário, Serpente Emplumada !

Longa vida.