O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

13 de Dezembro (sábado) - 15h00: Biblioteca Municipal de Sintra - Lançamento da "Nova Águia" e de "Da Saudade como Via de Libertação"

Numa iniciativa que conta com o apoio da Câmara Municipal de Sintra e do Jornal de Sintra, irá ter lugar a apresentação do nº 2 da Revista "Nova Águia", dedicado a "António Vieira e o futuro da Lusofonia", em conjunto com o lançamento da obra "Da Saudade como Via de Libertação" (Quidnovi), de Paulo Borges, apresentada pelo
Dr. Rui Lopo e pelo Dr. Bruno Béu de Carvalho.

"Este livro versa sobre um dos temas mais característicos da cultura galaico-portuguesa e lusófona, apresentando uma nova filosofia da saudade como a memória e desejo que em todos os seres há da sua natureza primordial, o infinito, desvelada nas experiências mais gratificantes da vida. A sua novidade, além da reflexão aprofundada sobre a etimologia e a semântica da palavra, além de explorar a relação entre a saudade e as possibilidades da consciência e da existência, reside em assumir-se ponto de partida de uma via de libertação e transformação efectiva de si e do mundo, a percorrer mediante um exercício ético-meditativo e uma linha de acção concreta.
Recria-se assim a tradição galaico-portuguesa e lusófona da saudade,mostrando toda a sua universalidade. Na mesma medida em que transcende o universo linguístico e cultural onde radica, a saudade, aspecto fundamental do ser divino, humano e cósmico, revela simultaneamente, pela riqueza e singularidade da sua evolução semântica do latim para o galaico-português, toda a potencialidade deste para devir matriz de uma profunda visão filosófica da natureza primordial, da existência universal e da possibilidade de um despertar libertador. Por via da saudade, a filosofia regressa às suas origens: não mera busca intelectual e conceptual do saber, mas uma arte e um modo integral de vida"

11 comentários:

Anónimo disse...

Ah, saudade, terrível e doce saudade, de ser um "um rei-criança coroado", "vestido de céu e terra" ! (Fernando Pessoa, "A Summer Ecstasy", "Poemas Ingleses")

Quando regressaremos ao Antes? Quando ungiremos a terra? Quando serás enfim teu, de ti esquecido, ó Coração?

Luiz Pires dos Reys disse...

“Tudo é permanentemente estranho, mesmamente/ Descomunal, no pensamento fundo!”
(F.Pessoa, “Primeiro Fausto”)

Resolvo, de bom grado, esquecer-me de tudo quanto em mim haja repassado, e assim permitir que apenas aflore “aquele” nem sei quem seja ao certo que sempre “ali ” esteve e está, desde que me tenho - testemunha de mim mesmo na sucessão iludente dos agoras arrastados no arrostá-los...
... Até que, ao fio decepante da lâmina em que me abismo quando escolha ser outro que não esse que dia a dia colho - qual imemorial escolho e esfinge que demora o enigma em mim, nisso e nesse que me interroga - tão simplesmente eu rogue a esse Tudo e Ninguém que é nada e tudo e nenhum e ore alfim e - olho apenas como se face fosse - qual rosto enfim, eu seja sem máscara.

“O segredo da Busca é que não se acha.”(F.Pessoa, idem)
O segredo do que se acha é que se não busca.
A saudade algures está, em toda a parte aqui, e em parte alguma…
(Grato, Miledh…)

Anónimo disse...

A Saudade é a fúria que nos consome na demanda insaciável do sem limite, forma ou nome!

Anónimo disse...

Ressurgem os loucos da saudade!? Pensei que tinha enterrado isso há muito tempo... Tenho de ressuscitar para vos tratar da saúde!?

Luiz Pires dos Reys disse...

Pelos vistos já ressuscitaste, Sérgio.
Não haverá, António, o que te emudeça a cansativa, costumeira estultícia sobranceira, e nos liberte das tais snobes tiradas searences, hoje balofas e aranhiças?
Valha-nos Santo António!
Não é contigo, António, descansa: descansa em paz, homem!
(Mas que espectro, este tipo!...)

Anónimo disse...

Mas afinal ter saudade de quê? O que falta? O que sobra?

Desimpeçam-se!

Anónimo disse...

A Saudade é a Serpente que rói a raiz de tudo: homem, mundo e Deus.

A Saudade sou eu próprio, a roer-me de riso até ao infinito e mais além: hi, hi, hi, hi, hi!...

Anónimo disse...

Cá para mim isto é uma missa neoreligiosa, com o magrinho a fazer de padre... Não chegam a ser malucos, são só maluquinhos...

Anónimo disse...

Podes crer, Maria da Conceição! Mas olha que ele tem pinta é de Bispo...

Luiz Pires dos Reys disse...

Sim, minhas lindas, quando não ocorra mais nada e escasseie a subtileza da simples ironia que nos eleve (o que em nós, obviamente, se deixe elevar) da nossa pouca alturinha na maioria das coisas, resta a baixeza de rebaixar.
Quem o é sempre se mostra, na verdade...
Pouquinha coisa, enfim!

Anónimo disse...

Parabéns à Serpente Emplumada e a todos os loucos da Saudade...