O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A Almada Negreiros

Espelho-me eu...
Em regresso, uma onda.
Lento recuar,
espelhado pela areia...


a minha sombra sou
é ela que me arranca da sombra em mim atrelada
sombra de mim
não me segue
finjo que sou eu e vou
não para longe de mim
e sempre,
sempre às portas de mim
VT

3 comentários:

luizaDunas disse...

BonDia Vergílio. (tens o nome de meu pai, e irmão que não cheguei a conhecer e me acompanha)

“a minha sombra sou
é ela que me arranca da sombra em mim atrelada”
Tocaram-me estes dois primeiros versos, houve uma coincidência de estado de espírito.

A sombra não é tão visível nem a luz tão solitária que não se signifiquem mutuamente. Afinal o que vemos é sempre uma luz - especialmente se for uma sombra - e é também, precisamente por isso, uma obscuridade profunda.

A tua sombra iluminou-me. Também pensei que ninguém me tinha visto a contemplar...

Unknown disse...

Espelho meu, espelho meu...
haverá algo mais belo
do que ver em ti

eu?

;)

Beijo.

Anónimo disse...

Por vezes pensar que não somos vistos é a própria sombra...