sexta-feira, 26 de setembro de 2008
CRIME, disse ele ...
É melhor o discernimento deturpado do condenado do que o discerninmento esclarecido do observador. O condenado acaba por chegar à sua inocência, mas o observador nem sequer tem consciência da sua culpa. Por um crime expiado na prisão são impensadamente cometidos dez mil por aqueles que condenam. É uma coisa que não tem princípio nem fim. Estão todos implicados, mesmo os mais santos dos santos. O crime começa em Deus. Terminará no homem, quando ele redescobrir Deus. O crime está em toda a parte, rm todas as fibras e raízes do nosso ser. Cada minuto do dia soma novos crimes ao calendário, tanto os que são detectados e punidos como os que não o são. O criminoso persegue o criminoso. O juiz condena o julgador, o inocente tortura o inocente. Em toda a parte, em todas as famílias, m todas as tribos, em todas as grandes comunidades - crimes, crimes, crimes. Em comparação, a guerra é limpa. Em comparação, o carrasco é uma doce pomba. Em comparação, Átila, Tamerião, Gengis Khan são automatos temerarious. O sau pai, a sua querida mãe, a sua terna irmã: sabe que horrendous crimes acobertam no peito? É capaz de aproximar o espelho da iniquidade quando ela está perto? Já olhou para o labirinto do seu desprezível coração? Alguma vez invejou ao rufião a sua franqueza? O estado do crime começa pelo conhecimento de si próprio. Tudo o que despreza, tudo o que detesta, tudo o que rejeita, tudo o que condena e procura converter pelo castigo nasce de si. A fonte disso ee Deus, que você coloca for a, acima e além. O crime é identificação, primeiro com Deus e depois com a própria imagem. O crime é tudo quanto está for a do baralho e é invejado, cobiçado, ansiosamente desejado. O crime faz cintilar um milhão de facas brilhantes a cada minuto do dia, e à noite também, quando a vigília dá lugar ao sonho. O crime é um oleado tão resistente, tão imenso, estendido de infinidade a infinidade! Onde estão os monstrous que não conhecem o crime? Que reinos habitam? Que os impede de apagar o universo?
Henry Miller, O Pesadelo de Ar Condicionado, Livros do Brasil, pp. 80-1
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2 comentários:
esta vida é uma sequência de horas assassinadas à nascença...
Parabéns!...Um abraço!
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