O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 13 de setembro de 2008

Boa noite

Talvez eu atravesse o ventre de pesadas montanhas
por veios duros, sozinho como um mineral;
é tal a profundidade que não vejo nem fim
nem distância: tudo se fez próximo
e a proximidade transformou-se em pedra.
Ainda não sou mestre em sofrimento, -
por isso a grande escuridão me torna pequeno;
mas se ela és tu, então faz-te pesado e entra em mim:
possa a tua mão atingir-me
e eu chegar a ti com as minha relíquias.
Rainer Maria Rilke
Fotografia: Piromorfite, Mina Naica, México
por Vergílio Torres

1 comentário:

Paulo Borges disse...

Grato pela partilha deste grande poeta, Vergílio.