O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Aos amores tristes

Tu foste
E o teu rastro
Ao afundar-se na lonjura tudo apagou
O mar subsumiu-se na terra
A rosa dos ventos secou
O desalento ecoou, incessante
E os meus sonhos por inteiro adormeceste
Perdi todo o meu norte
Tu que eras o meu nordeste
Tesouro inesgotável de vagas de calor e verde e dunas mansas
Deixei crescer as tranças
O corpo cicatrizou
Mas sempre que anoitece sopra uma triste canção
E o sol nascente
Só deixa luzente
O ermo do meu dia
Na tua ida
Apenas ficaram pelo caminho estátuas de cinza
A luz varada de escuro, puro buraco negro, insólita lombriga
Fizeste do tempo um robot néscio e indirigível
Mataste tudo o que é tigre, leopardo e leão
E data venia, mais ainda:
Lançaste em vias de extinção
O meu coração

5 comentários:

Semente disse...

Todos temos dias assim...

:)

Anónimo disse...

E dias e meses e anos e vidas rsrss
Grata querida Sereia.
Achei graça ao romantismo trágico-cómico de faca e alguidar e muito sincero do momento "poético".

Unknown disse...

Ai quem terá sido malandro?...
Não se faz.

Anónimo disse...

rsrsrsrs

Anónimo disse...

Parabéns!... Um abraço!