O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 2 de outubro de 2009

rosto (para saudades, com alegria)

não há rosto que não envolva uma paisagem desconhecida, inexplorada, não há paisagem que não seja povoada por um rosto amado ou sonhado, que não desenvolva um rosto por vir ou já passado. que rosto não chamou as paisagens que amalgamava, o mar e a montanha,que paisagem não evocou o rosto que a teria completado, que lhe teria fornecido o complemento inesperado das suas linhas e dos seus traços?

gilles deleuze,mil planaltos- capitalismo e esquizofrenia2, ano zero- rostidade

7 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Que prosa tão emaranhada! Até parece poesia... virada do avesso. Será isso... o avesso do Torga?!... Só pode! JCN

baal disse...

ensinaram-te e ensinaste a papaguear, aprende a pensar, jcn.

João de Castro Nunes disse...

O meu mal é pensar de mais... e escrever de menos. Sou, porventura, o teu avesso! JCN

Anónimo disse...

Gentil deus, baal,

Fico contente que te tenhas lembrado, ao ler Deleuze e em "foto-tese", de "saudades". Alegre que te tenha surgido um rosto como uma paisagem desconhecida. Fico muito agradecida. E fico a pensar... (mas não por muito tempo fazendo uso dos dois hemisférios)...Não tarda estou frente à paisagem no deserto de mim e coroada de outonos. A vinha e o mosto que se refecte em cobre debaixo do azul caiado daquele céu! Que desenha no rosto a "iluminura" de um outono alegre... - não, não, Galilei, eu não disse Alegre!...(risinhos políticos)...

Chegada de novo ao texto e ao post, baal... agradeço, que mais posso fazer?

PS1 Pois que "deus deleuze" nos mima com "ternurinhas de blog's" que ele mesmo tem receio de amanhecer em "docinho" (risos, alegres!)

PS2 O texto com que nos brinda é de um deleuze que é mais... "ao meu jeito", como diria "o de quem não se pronuncia o nome"...

Obrigada

João de Castro Nunes disse...

João de Castro Nunes, "neto de heróis, poetas e marujos", ao vosso serviço! JCN

Anónimo disse...

Seriços de herói, poeta marinheiro... quem pode recusar?JCN!?

Decerto não os desta pátria, a dos "sozismos", desses eleitos que por "sorte" ou "fado" nos braços da serpente fazem sua semente no bosque sombreado de folhas de vide ou outras tantas...

Seja em sonetos, seja em so.netos.
Netos dos deuses, gentilmente amados.

Um abraço e um sorriso :)

PS. Gosta mais de mim ou da Fausta? :)

João de Castro Nunes disse...

Será preciso... perguntar?!... JCN