O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 18 de outubro de 2009

Pedritas

Caminho o caminho
de terra.

Desemboco na praia
deserta.

O extenso areal
frio.

Um círculo de pedras
sagradas.

Caminho pelo areal até
aos rochedos.

Protegido pela
falésia.

Ultrapasso-os.

Desemboco numa pequena
baía.

Recôndita de pedritas
redondas. Lisas.

Sento-me a
pescar.

Preparo o manto para
a noite.

Estelar.

Eu sou os
elementos.

Explosão cósmica
silêncio.

Incandescência tudo
latente.

Exterior e interior
um.

Respiração fusão
nada.

És
a noite.

9 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Que desperdício... de papel! JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Ok, Nuno, já se percebeu.

O médico "da" família - a não confundir com essa coisa popularucha do médico "de" família - deve ter receitado três (poemas, claro), antes do deitar.

Podiam é ser poemas. Mesmo. Pode?

É que o saltar degraus de dois em dois (versos) está a dar-me uns solavancos no estômago, nada recomendáveis na minha idade.

O que isso não fará em quem tenha o dobro da minha idade...



Agora, a sério, Nuno.
Creio que "só falta" que cada estrofe seja verdadeiramente um poema, em si mesma. Com vida própria, se fora deixada isolada.

Quando isso for conseguido...

Isto não é crítica, nem muito menos uma crítica.
É apenas e só um parecer(-me), em cordialidade, e algum humor.

Rasputine disse...

Acho que isto é mais "pedrada".

Rasputine disse...

Maltez, JCN, baal e Damien: a mesma pedrada!

Luiz Pires dos Reys disse...

Rasputine, essa deixa não era a do baal?

Acho que o Raspu (Vladimir) "Putine" não deu conta que, se calhar, é doutra pedreira. Será?
Bem, mas só os raspartiças podem sabê-lo.

Venha de lá a primeira pedra!

João de Castro Nunes disse...

Alguém, por acaso, viu por aí passar... o humor?!... Era favor... dar parte. Trata-se de perigoso evadido... a contas com as autoridades académicas deste país... cheio de poetas e respectivos hiper-críticos... rondando as fronteiras do grotesco. Dão-se alvíssaras! JCN

João de Castro Nunes disse...

Se cada estrofe... for um poema, então deixa de ser poema... para ser um poemário! Ora vejam lá! JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Adorei aquela das "autoridades" académicas... Fez-me lembrar outros tempos... de outra senhora e de outros senhores.

Muito grato, a quem me faz assim não desamar tanto isso que mais me cheira a bafio de impanços e a bolor de empoleirados.

Quanto à estrofagem e poemice, nada a dizer senão que, afinal, a "autoridade" desautoriza-se a cada passo. (Quem começou por falar em desperdício... de papel?)

Nem Camões logra ensino aos tais, que se não acham ensináveis. E nada ensinam também.
Ora vejam lá! LPR

(Abraço ao Nuno, é claro! E aos outros, também. Ao outro: uma bela duma "biqueirada", ... no papel químico já gasto!)

guvidu disse...

engraçada a vossa acepção de poesia, JCN e Damien...

Nuno, és poema e poesia!

Amo-te.

Ler-te, em todas as acepções, é um privilégio. Ainda bem que te (com)partilhas.