sexta-feira, 16 de outubro de 2009
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Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".
"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"
- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente
Saúde, Irmãos ! É a Hora !
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16 comentários:
discordo...a linguagem é a casa do ser, já dizia heidegger; e há animais q se comem mt bem, tais como os frutos do mar ;)
feliz dia!
Ainda não me livrei desse mau hábito...
De comer animais às refeições, digo.
Animais que se comem muito bem... Estranho a ligeireza com que se diz isto.
Quanto ao resto, definir o mundo com palavras só prejudica quem o define, mas comer animais às refeições prejudica os animais e quem os come...
namaste Paulo. a ligeireza com que se diz advém, tão somente, de uma questão cultural e acredite que eu gostaria mt de ter sido ovo-lacto-vegetariana desde pequena mas actualmente esforço-me por sê-lo ( e marisco, adoro, sou sincera. tem mal?).
definir talvez seja mt limitador mas caracterizar o mundo com/pelas/nas palavras parece-me ser algo que vai ao encontro com a nossa expressão comunicacional/relacional e poderá ser mt belo se, por ex, utilizarmos a poesia.
dia feliz!
e já agora, uma dúvida - para quem não é vegetariano (pk tem hábitos ditos ocidentais, não-budistas, o que achar mais adequado designar), de que modo é 'cosmicamente sancionado' já que, e citando-o, «comer animais às refeições prejudica os animais e quem os come...»?
eu acredito q sim, q prejudica pk me posso alimentar sem matar outros seres vivos, embora as plantas e demais verduras e até fungos - como cogumelos, sejam seres vivos, certo?
é menos grave comer verduras, porquê? há hierarquia quanto aos reinos mineral, vegetal e animal no budismo?
qto às palavras e ao mundo, que sentido têm a fala e a capacidade (ou não) de diálogarmos, se não para as usarmos (correctamente)?
de outra forma, temo-las para sermos mudos? só o devermos ser se as usarmos num sentido pernicioso, aí concordo com o auto-controlo e o socialmente correcto.
Fragmentus, tudo bem, apenas fomos sinceros ao dizer o que pensamos desta questão. Os hábitos e os gostos alimentares levam tempo a mudar.
Os prejuízos de comer animais para quem os come são vários, na minha perspectiva, desde a saúde, pois parece que uma das principais causas da morte é a acumulação de toxinas que o organismo não está preparado para eliminar, até às consequências kármicas, problemas de saúde, dificuldades nas vidas futuras, etc.
Com efeito, na tradição budista não se considera que as plantas tenham um sistema nervoso que as exponha ao sofrimento.
Enfim, sem dramatizar, já é bom se pudermos reduzir o consumo de carne e peixe, para bem de todos.
Agora tenho de ir. Um dia feliz.
não definir o mundo com palavras é não ter mundo.
Amor é um fogo que arde sem se ver...
Camões era sábio...
não creio que as palavras sejam perniciosas... creio que de-finir, limitar, construir muros delimitadores no mundo com palavras é obscurecedor... também creio que as palavras são jangadas que nos permitem alcançar a "outra margem" que uns denominam Deus e outros vacuidade, não passando estas palavras de meras denominações do inefável.
Julgo que para se ser vegetariano e compreender as vantagens e desvantagens há que experienciar... De que me serve acreditar que comer animais é causa e condição de véus cármicos se não experimentamos o vegetarianismo e não temos enraizado dentro de nós a noção de véus cármicos, não meramente num plano racional mas sim num plano vivencial? Para nada, julgo eu...
Assim, julgo que definir e comer animais estão relacionados pois ambos constituem formas de nos cobrirmos com véus cármicos obscurecedores da nossa natureza primordial.
Assim como vocês vão à praia e sentem a comunhão com o todo, há pessoas que não definem o mundo e não comem animais... Caminho diferentes com um mesmo fim: o afim...
Pela boca morre o peixe.
Pela palavra morre o homem.
Pelo apego ao apego ou ao desapego, se dita o que o dita.
Pelo desapego, pela in-diferença a tudo isto, e sobretudo pela não-diferença de tudo isto, se mostra quem, ainda que com palavras, se não finita, define ou fina, e, ainda que comendo animais, o faça como se se comesse a si próprio.
Um dia chegará em que nada disto terá sentido, sobretudo para quem lhe dê algum sentido.
As pedrinhas ou calhaus que lançamos uns aos outros, no fundo resumem-se a sermos ignaros numa simples pergunta: tem mal?
Tem o mal que tem, que lhe damos e que lhe dê alguém.
O resto é a vista embaciada pela paixão.
Gosto muito da ideia de a tudo comer como se fosse a mim mesmo, Damien.
Na verdade é o que se faz, sobretudo quando se come animais. Damo-nos vida e morte, simultaneamente.
Há muitas verdades!
O que pode levar a pensar que os outros é que devem mudar?
Não se impõem hábitos, sensabiliza-se quando muito para várias escolhas. Cada um será livre de optar o que mais se lhe adapta.
Porque tem de ser errado, comer carne? Porque tem de ser certo comer só vegetais?
Há malefícios nos dois extremos.
E benefícios também.
Queremos ainda dizer-vos que das duas pessoas que somos Anaedera, uma come carne e a outra é vegetariana.
Nada impede de sermos uma só pessoa, em muita coisa.
Definir, parece ser, limitar, traçar fronteiras de coisa a coisa, separar. Definir é separar.
Comparar é, do mesmo modo ou semelhante modo, o mesmo que separar. Comparar talvez seja separar o que existe separado, voltando a re.defini-lo: para um lado, o que é semelhante, para outro o dissemelhante. Comparar é separar, a linguagem também é separar. Passamos a vida a fazer isso, talvez para re-unir... para religar...
Se não queremos separar, não definimos “in-finimos”... não comparamos...somos ím-pares...
(Já estou a fugir um pouco... mas lá vou... lá me centro.)
Comer animais às refeições pode ser um hábito alimentar prejudicial a ambos: ao que come e ao que, é comido. Injustica enorme!? Deus não definiu o mundo. Somos nós que o estamos constantemente a definir, mesmo tornando-o indefinido... Definir o mundo, “limitá-lo,” pode ser, também prejudicial, é-o, certamente...
Usemos com parcimónia o verbo e o corpo. O mistério de Um é o mesmo mistério do Outro.
Lembremo-nos (nunca é demais lembrar) que a palavra que sai da boca pode ser mais prejudicial do que o alimento que nela entra ... Já dizia...Padre António Vieira...
O meu pensamento vai lento... Cada vez tenho menos vontade de comer carne... e isso não me retirou a vontade de silenciar a palavra, e de procurar encontrando a linguagem do ser que opera o milagre da vida...
O que é espiritual vem ao espírito e ao corpo inter-relacionalmente...
P.S. Já me estou a rir e já desconversei.
Acontece quando penso racionalmente... e uso desse modo a linguagem... bom... às vezes como carne... poucas; às vezes digo o que não devo... muitas...
:)
Mas... se o raciocínio seguir em outra direcção... o post cumpriu. "Polemicou" palavreando...
Um abraço!
respostas inteligentes aqui deixadas e e, em especial ao Paulo, agradeço o facto de me ter esclarecido sobre o facto do vegetarianismo ter sentido pela dita ausência de sistema nervoso nas plantas...ainda assim, as plantas 'sentem' a nossa energia e há estudos que afirmam que supostamente sofrem quando são arrancadas, assim como se desvitalizam se não lhe dermos o trato necessário.
(observemos as rosas de Platero no seu blog - lindas e bem tratadas, acarinhadas! :)
a este propósito, do sofrimento nas criaturas q nos cercam, ocorre-me a observação do meu filho de 3 anos que ontem quando me viu a furar conchas para fazer um espanta-espíritos disse, repetindo - mãe, estás a magoar as conchinhas...será?
namaste a todos
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