O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

demissão

todo o homem nascido na escravatura nasce para a escravatura. nada é mais certo. os escravos perdem tudo no seu cativeiro, até o desejo de dele saírem, gostam da sua servidão tal como os companheiros de ulisses gostavam do seu embrutecimento. se há então escravos por natureza é porque houve escravos contra natura. a força fez os primeiros escravos.

j. j. Rousseau

a luta revolucionária construirá os primeiros homens livres.

7 comentários:

Luiz Pires dos Reys disse...

"poemeto à maneira maltesa"


havemos de ser contra natura.

baal está, amigos, finalmente a pentear os seus macacos:
ao espelho do comité j.j.

e deu de caras consigo: camarada dum golfinho chamado rousseau.
e teve um "ideia". e boa.

boa sorte, baal!
escreva depois um olá, desse futuro.

abraços: no presente, ainda.
por trás do espelho da brutidão.

é tão lindo ser escravo. é tão lindo:
nada é mais certo do que ser.

demitam os escravos:
viva o burrié livre. viva!

quando forem livres todos os escravos
tratarão de inventar nova servidão.

aí seremos contra natura.

Anónimo disse...

damien,

não compreendo a sua frieza... para quê ser assim tão ácido?
para quê tratar assim o próximo? A bondade, a compaixão, o carinho, o amor imparcial por todos e não apenas pelo prof Paulo Borges, pelas Saudades, ... a imparcialidade? os valores axiais?

damien, quem é você?

baal disse...

damien,
não é que acredite em amnhãs que cantam, mas em alguns (poucos) momentos da vida recordo-me daquilo em que acreditei (um mundo melhor), depois volto à realidade e compreendo a impossibilidade de algo acontecer, na fund considero a injustiça eterna e a escravidão uma actualização constante.

kunjang,
é a natureza do damien, da saudades tem medo (todos temos), quanto ao paulo deve ser a forma dos budistas se respeitarem, penso que isso percebes.

Anónimo disse...

Alguma coisa, baal, me morreu aqui, depois de te ler.
Desculpa!

Luiz Pires dos Reys disse...

Baal comprendeu-me "melhor" do que Kunzang. Lamento, meu caro Kunzang. E deslamento-o, desde logo.

Eu gosto de ter todas as perspectivas sobre cada coisa, para não ter nenhuma de todas.

Baal, amigo, esses "amanhãs que cantam" em "alguns (poucos) momentos da vida" são um dos pratos com que se nos (des)equilibra a balança e o balançar entre não sei quantos respiros pré-contados pelo cósmico cronómetro biológico

Tudo vale a pena, e nada há que valha.

Tudo é vaidade, e tudo é tão decisivo.

Concordo em que há "uma actualização constante" do estado de escravidão, como se a própria liberdade impiedosamente nos puxasse para baixo, a todo o transe, querendo a cada instante comprovar-nos, para se provar e provar que somos "a valer".

Mas, no fundo, acabamos por ver e compreender que a liberdade não é verdadeiramente uma "escolha": é uma sublime entrega, que não é capitulação, mas antes e sempre
o abismo de todo o impossível tornado possível às mãos de qualquer simples criança.

A criança não escolhe, apenas respira, vive, e faz o que quer.
Mesmo que faça de conta, ela é o que finge. Inteira. Inteiramente.

Não como nós. Que somos pedaços do que nem sabemos.

baal disse...

desculpa saudades eu adoro-te, fui infeliz na forma de tentar elogiar a tua acutilância, e a grandeza das palavras que 'assustam'
erro de quem queria elogiar e acabou por azedar.
abraço e alegria (e saudades não me deixes com saudades da amizade).

Anónimo disse...

Impossível, baal não ter Saudades...
Eu sou... Saudades...

Se continuar a ser eu... a Amizade é certa. Entre Poesia e Filosofia quão difícil é o diálogo, que nem diálogo é. A poesia diz o indizível e a Filosofia... teme não saber dizê-lo sem recorrer à poesia.
Mas a Poesia não sabe raciocinar nem definir...

A Poesia é liberdade... e não tem medo da "polícia" nem da crítica demolidora... nem de Saudades...A Poesia é dentro, como o outono é, fermenta futuros...

A poesia é a chuva que vai cair amanhã...
Tão certa e justa...
Nunca me hei-de desculpar de não ter tempo para estudar os filósofos...

Um beijo de Saudades, baal.