O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Invocação



10 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Eu bem invoco a Santa Mãe de Deus para, à borda do precipício, me livrar das investidas... do Damião (de Góis), mas ele não me larga as canelas! Chamòpolícia! JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Não se faça o "imbecil" que não é nem será jamais, Dr. de Castro Nunes.

Deixe o Nome sagrado em paz, não invocando - por um motivo completamente vão - Deus, e a Mãe d'Aquele que d'Ele nos veio (a quem o creia, claro), e Se fez em tudo igual a nós, a si e a mim e a todos aqui, menos no que é só nosso: a intolerável imperfeição, que é o que só fazemos com a perfeição que somos, por natureza primordial.

Não é que Ele, e o Nome, sejam afectados pelo que quer que seja que façamos ou possamos fazer.
Mas só quem seja como Jacob, que lutou com o anjo, que o enfrentou em Nome d'Ele, ou como David que comeu o pão proibido e não foi fulminado - só almas assim podem fazê-lo.
De cara lavado como crianças, que nunca a lavaram.

À beira do precipício estamos e estaremos sempre, sempre que nos queiramos livrar de alguma "investida", sobretudo quando injusta.

Compreendo-o, posso comprendê-lo,e quero compreendê-lo.
Isso, ainda que me não compreenda ou o não queira. Isso em nada muda o meu crer ou querer.

Saudação. De nobreza.

Luiz Pires dos Reys disse...

Luiza, cara Luiza, a tua visita é sempre tão inesperada, como um cair do cavalo, como tão sublimemente disse por aqui Rui Félix, ou como uma bofetada que em nós mesmos déssemos sem que pudéssemos livrar-nos de ser apanhados em total e desprevenido contra-pé.

Esta cena - seja ela contemplada como aqui, com os olhos do rosto, seja-o à face do olhar interior - põe-me sempre, de facto, naquele milaculoso estacar que a memória do tempo e do milagre registam e reavivam sempre na alma.

Vens, de facto, sempre também com o subetão desse estacão que nos devolve instantaneamente à fímbria do eterno e do sem tempo.

Agradeço-te, pois, isso e, como sempre, agradeço-te por vires, e eu, pobre coxo da alma, lograr alma bastante para tal visita.

Abraço muito fraterno.

Paulo Borges disse...

Assim pudesse o nosso espírito estacar, como o cavaleiro, à beira do abismo que é, e simultaneamente nele mergulhar, como o veado!... E tudo não ser distinto, como não é.

João de Castro Nunes disse...

Nobreza... com nobreza se paga! JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Aprecio e curvo-me, Dr. de Castro Nunes.

João de Castro Nunes disse...

Ad astra! JCN

Semente disse...

Cara Luiza,

tenho uma foto igual tirada nesse mesmo local misterioso e belo.
O Vitral... a cromoterapia...
Luz e côr por que uma dá vida a outra, porque uma nasce da outra.
Porque é belo*

Abraço*

Anónimo disse...

Invocamos com a voz para dentro, como se ora frente ao que suspenso do abismo se afoga, e para fora voa. Lança-se ao mar livre o ágil veado... o milagre da invocação da Mãe.

A lenda a entrar na realidade...

João de Castro Nunes disse...

A lenda assenta, por princípio, num fundo de verdade... envolta em névoa e dissipada pelo tempo. JCN