O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CADA QUAL--- A SEU JEITO

Deixem para os Poetas, por favor,
tudo o que diz respeito à Poesia;
guardem para vocês a teoria
que em nada serve para se compor!

Só eles é que sabem como dar,
ao som da lira, voz às emoções;
só eles sabem, sem mistificar,
dar largas ao papel das ilusões.

Não teve Homero mestre nem Vergílio
quer na epopeia quer no terno idílio
senão seu próprio engenho natural.

Deixem, pois, os Poetas à vontade
com suas propensões... pois cada qual
é como "a eiró que sem rumor se evade"!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Coimbra, 20 de Outubro de 2099.

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