O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

EN T RE - finisterreno para um laboratório do real



A Revista ENTRE - Finisterreno para um laboratório do real pretende ser um âmbito dialogal entre culturas e saberes, religiões e espiritualidades, tradições e civilizações.

O nome da publicação pretende exprimir uma tal vocação para o suscitar de pontes entre domínios que se descobrem como intimamente ligados.

A concepção gráfica da revista intenta encontrar um ponto de equilíbrio|desequilíbrio plástico e visual entre os modos oriental e ocidental de percepção do real: algo entre a diversidade evolutiva ocidental e a instantaneidade intuitiva oriental.

Será também, por isso, um lugar não-localizável onde tempo e eternidade, espaço e vacuidade, palavra e silêncio, discurso e percurso irão de mãos dadas.

Estruturada de modo sistémico, como um espaço de reflexão holónica e integral acerca das coisas, a revista é sobretudo um organismo vivo que evolui em harmonia com a realidade que em cada momento se desvele, revele e de novo re-vele: a verdade é ditada pelo olhar que sobre ela lançamos. Ela é porventura apenas o constante remanescer disso em nós.

A revista terá periodicidade semestral, e será predominantemente temática, sem perder de vista a dimensão mais ampla e abrangente da actualidade do mundo em que vivemos.

Terá uma separata que pretende fazer conviver poesia e fotografia, enquanto linguagens de apreensão, vivência e transfiguração do real.

Não se trata duma revista de poesia e fotografia, trata-se sim de entender tais linguagens como duas possíveis asas da theoria e da pragmática do real, qual o vemos, temos e guardamos, tendo em vista rasgar os intrínsecos limites de cada domínio de linguagem e o ilimitado que lhes subjaz.

O real não tem linguagem, nós é que o lemos através da diversidade de modos por que esta se configura, para fazê-lo presente, ainda que em ausência desse algo que nos visite ou se nos furte.


arevistaentre.blogspot.com

EN T RE(M)

4 comentários:

afhahqh disse...

Excelente iniciativa. Gostava que o "A caminhada" também fosse um espaço desse género, como referi em comentários ao post em que o anunciei.

João de Castro Nunes disse...

En t re(m)... no trem! Contem comigo... em carruagem de terceira classe e atrelado para a minha poética bagagem! Se não gostar da companhia, dou o fora... no primeiro apeadeiro. Franqueza, franquezinha! JCN

Paulo Borges disse...

A "Entre" tem-me feito repensar o "The King of Gaps", de Pessoa...

João de Castro Nunes disse...

Fui reler e, mais uma vez, não gostei: uma das muitas e diversas patacoadas do Pessoa... entre duas goladas... de carburante etílico. Em questõe de reinação, fico-me pelo paradigmático... Manuel Bandeira. A fonte... primordial! JCN