quinta-feira, 10 de setembro de 2009
lavra recém-desconexa: desenfreio da boca em exílio
(a Saudades, em irremediável futuro)
quisera
que cada horizonte fechado fosse abóbada celeste de mim ausente,
e fazer de cada crepúsculo irmão
das auroras infindas, onde sol e luz se beijassem
no trespassar mútuo das omnipresentes
fulgurações.
quisera
pensar-me lys em flor, no paraíso terreal, dia sim dia não,
onde houvesse apenas sombras às riscas,
na sombra que de mim foge apressadamente,
cavalgando sem freio aqui e em todo o lugar,
infindamente sem fim.
a entrada
por onde do labirinto se sai penetra antiquíssima
uma gruta convexa por dentro
– ali, onde os sentidos se a si não limitam,
ao tropeço no real - esse arlequim de todas esquinas
mais ínvias.
lassos
de eternidades tardias, eis chegam os guardiães
do ausente em todo o ser que se esperanseia
com as cores todas da vida, intactas num mealheiro,
dependuradas do olhar inseguro
da maré vasa.
conduzem
pelo sopro e pelo fogo frio que delas exala, à melodia
a que, múltiplos, os tempos seu manto aurífero entretecem,
e de que hão-de ser altar no serem jardim
em que ecoem os rumores do primaciar das fontes
inauditas.
D.
(com a alma agrafada ao céu da boca,
emudeço em tudo de cabeça para baixo,
suspenso dos antípodas de mim...)
quisera
que cada horizonte fechado fosse abóbada celeste de mim ausente,
e fazer de cada crepúsculo irmão
das auroras infindas, onde sol e luz se beijassem
no trespassar mútuo das omnipresentes
fulgurações.
quisera
pensar-me lys em flor, no paraíso terreal, dia sim dia não,
onde houvesse apenas sombras às riscas,
na sombra que de mim foge apressadamente,
cavalgando sem freio aqui e em todo o lugar,
infindamente sem fim.
a entrada
por onde do labirinto se sai penetra antiquíssima
uma gruta convexa por dentro
– ali, onde os sentidos se a si não limitam,
ao tropeço no real - esse arlequim de todas esquinas
mais ínvias.
lassos
de eternidades tardias, eis chegam os guardiães
do ausente em todo o ser que se esperanseia
com as cores todas da vida, intactas num mealheiro,
dependuradas do olhar inseguro
da maré vasa.
conduzem
pelo sopro e pelo fogo frio que delas exala, à melodia
a que, múltiplos, os tempos seu manto aurífero entretecem,
e de que hão-de ser altar no serem jardim
em que ecoem os rumores do primaciar das fontes
inauditas.
D.
(com a alma agrafada ao céu da boca,
emudeço em tudo de cabeça para baixo,
suspenso dos antípodas de mim...)
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5 comentários:
Não gosto de ler... "farfalhices"! JCN
Ainda hesitei em "dedicar-lhe" algo de semelhante jaez, mas depois pensei melhor e logo dei conta de que o desmereceriam, des-temido cavaleiro dos haruspícios verbais.
De resto, farfalhice não faz boa rima com nunice. Aliás, nem arrima: tão-só desarruma!
Isto, não vá alguém imaginar que me disporei a entretê-lo (a esse alguém, já se vê) com farfalheiras, que mais desaire e desastre causam (e causaram já) do que acerto...
Citando e parafraseando António Ramos Rosa, e para contradizê-lo (a ele, claro), direi:
" Nâo posso adiar o amor para outro século, não posso", mas posso adiar a palavra.
Ainda que me custe (e nada me custa, ainda que me custe), antes isso, do que adiar-me e sobretudo "odiar-me".
Antes isso, do que... "isto"!
P.S. Grato, pelo apreço de se ter dado à canseira de desfarfalhar leitura de tal farófia.
(O sentido de tudo está com quem o tem, e para quem o haja.)
contradizer o poeta do grito claro é chato.
cheio de medo damien? arrependido? houve uns que o foram e nunca mais existiram.
Duvide-se-me: que eu vos não exista!
Contradizer, porém, é uma chatice auto-consentida: não poética, portanto - ainda que num grito que, claramente, mais parece desfecho de autoclismo... sem papel... que torna mais claro ainda o próprio dejecto ... que nos (in)contradiz.
Medo? O medo é um quase arrependimento de ser.
E eu não sou. Não sou eu.
E eu, ...
Lá está, vossemecê, senhor DAMIEN, a "fugir... pela porta do cavalo!... Olhe que ainda não são horas de "lanchar"!... Aguce o engenho, mais a pena... e deixe-se de barroquices... desafinadas e destemperadas. Afine o cavaquinho! JCN
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