O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Oriente/Ocidente - «eu»

Um objectivo de vida de alguém com um «eu» independente é separar e distinguir o «eu» dos outros. Tais pessoas fazem isso sobretudo expressando as suas crenças interiores, dizendo como se sentem e enfatizando a importância deles mesmos, particularmente em relação a outras pessoas. Nos Estados Unidos vemos estas mensagens a toda a hora. Dizem-nos para «nos exprimirmos»; essa é uma canção famosa da Madonna. Os anúncios dizem-nos para «fazermos as coisas à nossa maneira»; essa é a maneira mais importante. E um provérbio muito famoso diz «quem não chora não mama»; só fazendo muito barulho e dando a conhecer as nossas opiniões é que recebemos atenção.
Mas estes objectivos são diferentes dos objectivos de alguém com um «eu» interdependente, que são relacionar-se com os outros e manter os relacionamentos. Fazemos isto moderando as nossas crenças internas e minimizando a importância de nós mesmos em comparação com as outras pessoas. As mensagens interdependentes incluem o velho provérbio japonês «O prego que sobressai é martelado». Aqui, na Aldeia das Crianças Tibetanas, vi uma fotografia de uma celebração na escola, onde se dizia «Os outros antes de nós», que também é uma mensagem interdependente.

Jeanne Tsai in Daniel Goleman, Emoções Destrutivas e Como Dominá-las, Temas e Debates, Lisboa, 2005, pp.297-298

1 comentário:

Anónimo disse...

Jeanne Tsai diz ainda:

"Como «eus» independentes, os Americanos europeus dão mais valor a estados de grande excitação porque é importante estarmos num estado agradável. Por isso, mostram uma maior excitação fisiológica durante a emoção e depois tendem a regressar mais lentamente a um estado de baixa excitação durante o período de recuperação. Em contraste, os «eus» interdependentes dão mais valor a estados de menor excitação. Os «eus» independentes centram-se neles mesmos e querem sentir-se positivos, mas a nossa própria excitação pode fazer outras pessoas sentirem-se mal. Por isso, os «eus» interdependentes querem mostrar uma menor excitação durante uma emoção e podem ser mais rápidos a regressar a um estado de baixa excitação, para que as outras pessoas não se sintam mal."