segunda-feira, 21 de setembro de 2009
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Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".
"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"
- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente
Saúde, Irmãos ! É a Hora !
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4 comentários:
(Há-de voltar em noite o claro dia
e eu não hei-de esquecer-me de te agradecer este momento...)
Que silêncio abismado o das palavras!
Que profundo o lago da solidão
De que plenos vazios tenho a alma cheia!
Nada resta para dizer.
(enquanto o punho bate na mesa do silêncio)
Nada mais digo à sombra das minhas mãos!
(Obrigada, Vergílio/Rui, poetas da montanha)
“Pouco resta a dizer.” Escuto de memória o sem voz da lembrança, como a marcar-lhe o ausido marco do tempo, como a querer que ele não tenha sido o que nem chegou a ser, a escorregar-se-me da mão de tudo no rosto da consumação de nada, de tão pouco tanto, tão resignadamente...
Conforma-se-me...
Entro e saio do vazio de cada coisa nenhuma: no nunca partilhado, como o jamais do para sempre partilhado nunca nada que não houve nem chegou ou veio a haver, ainda que houvesse sido.
Conformo-me desconforme...
No vaivém ao nada do limite da ausência ilímite, o esvaziar o olhar no estacar-se-me do não avistado, nunca esperado, encontrado jamais.
Disformo-me...
Sombra que conforta sombra sem vulto.
“Pouco resta para dizer”
Sombra fita ausente o fito do vulto.
"Nada resta para dizer"
Nada mais há para ser dito.
Nada mais há...
Nada mais...
Nada.
E, no entanto, quando nos enchemos desse silêncio e nos embrenhamos de vazios e de noite... aparecem as palavras de alguém, de alguma alma enviada que, com a sua sombra, nos fala. E desaparece depois para nos mostrar que o silêncio em si mesmo não existe, nem está em nós.
Fomos criados para comunicar. Mesmo quando somos espelho de nós mesmos e mais ninguém nos vê ou ouve.
Lembro-me da primeira vez que me mostraste este texto do Beckett :)
Bela partilha*
Grande abraço este, que agora para vós, ainda que tardiamente, mas sempre a tempo, vos entrego.
da ilha dos cisnes...
"Fechou o casaco.
Deixara-se para trás, no silêncio da carreira. Escorrera-lhe pelo rosto esta lágrima, sua única e verdadeira união que o deslacrava da certeza.
Deixara para trás as memórias, de um homem pretérito, rumo à casa das cem janelas."
Vos agradeço.
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