O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 19 de setembro de 2009

da janela de um quarto





"Abri a janela do meu quarto,

Era ainda manhã,

Em cima da mesa estava o coração!

Reparei na moldura,

Passei discreto,

Eram tempos de hesitação!



Que segredos guardam meus passos?

Que tristezas guiam meus conflitos?

Acabei por descobrir os meus laços,

Percorrendo sempre os meus gritos!



Corri para o canteiro do lugar

Recolhi um botão de formosura,

Que atento coloquei ao luar.



Era noite, cedo tarda a noite,

Porque cedo amanhece o dia!

Que fado é a saudade

Da mesa do meu quarto

Que a felicidade é ter-te à mesa,

Servir-te este caldo farto

Num prato de sobremesa...

Esta rosa florida em botão.

Este instante de ternura e poesia,

Que neste momento te entrego em mão."


Abri a janela do meu quarto, de Rogério Martins Simões

1 comentário:

João de Castro Nunes disse...

Isto, efectivamente, é... Poesia! JCN