O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Na «Brasileira» - Coimbra

Vivo - cristais de tempo - sobre
a mesa deste café que
sem tristeza e sem esperança
sou por vezes, fumando um cigarro
tomando a bica

e na pele imaginada
do corpo tocando
é a tua morte que
imagino e sei

morres - tão perfeito
como pássaros desenhando
círculos
(com o compasso)

e sobre os anos
deslizamos - tristes e suaves

metafisicamente sendo
(única capacidade não perdida)

e este desejo sem força
só compensado na paisagem
é a libertação que me ofereço:
poema dilatado pela vida!

Graça Patrão, Diálogos com o Ser, Edições Minervacoimbra, Coimbra, 2008, p.108

3 comentários:

Anónimo disse...

Saudações a todos os coimbrenses;)

Paulo Borges disse...

Coimbra bem precisa de recuperar a sua tradição irreverente... Tornou-se demasiado séria e fechada.

Anónimo disse...

Fechada ao mundo?