O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Impermanência

Um dia em que se encontrava à beira de um rio, o Mestre diz: Tudo passa como esta água; nada se detém, nem de dia nem de noite!

Confúcio

5 comentários:

Rasputine disse...

Mentira. Eu estou aqui desde sempre.

afhahqh disse...

Sem permanência não existiria rio. Sem impermanência não existiria fluir.

Luiz Pires dos Reys disse...

Se andarmos (quem "ande", claro) sempre às voltas com as miríades de modalidades por que se manifesta o tetralema ("satuskotika": ser, não ser, ao mesmo tempo ser e não ser, nem ser nem não ser), bem pode a serpente mudar infindas vezes de pele, que nada teremos tugido nem mugido.

Talvez então esse "nada" seja porventura a melhor "resposta" a K'ung-fu-tzu:
"toda esta aguada passa como tudo...!" (em bom vernáculo, dir-se-ia talvez: passa como o diabo!)

Por isso, está tudo na mesma, talvez porque tudo é (sempre) o mesmo... o mesmo não ser o mesmo, e bla bla bla...

(Confirma-se: dizê-lo, ou antes, tentar dizê-lo não muda um cabelo...
Já se sabia! Calo-me, pois!)

Anónimo disse...

O rio muda mas continua a ser rio...

Luiz Pires dos Reys disse...

Para um ser destituído (ou libertado) dos sentidos, ainda que não de sentido, onde está o rio, e a sua permanência ou impermanência?