O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 1 de março de 2009

MÓBILE


reprodução

Móbile (1941), de Alexander Calder


MÓBILE


Marcilio Medeiros

areias seguem calcanhares
nômades anônimos
ampulheta fraturada

pela direção dos ventos
levados refazendo-se

é dia pela claridade
grãos que caminham
retirando os passos

3 comentários:

fas disse...

Belo poema, contido, conciso, tal como a delicada imagem.

luizaDunas disse...

Muito belo, Marcílio,
agradeço estas areias nómadas
seguindo os passos
retirando-os, seguindo
ampulheta por onde o tempo se sume. Sim.

Marcilio Medeiros disse...

Soantes e Luiza,
obrigado pelo estímulo.