O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 21 de março de 2009

8 comentários:

Anónimo disse...

Permita-me, Primavera, dar-lhe o meu bom dia matinal e deixar-lhe junto desta árvore singular uma limitada reflexão também ela matinal, com um aceno de amizade ao Paulo Borges:

Cada coisa está relacionada com todas as outras. Como a onda deve a sua aparência ao ar e à água, assim cada coisa não existe por si só. Variedade infinita, o cosmos apresenta-se com um diamante com multifacetados brilhos que por sua vez reflectem outros brilhos, na impermanência de tudo.
Não há separação. Há interdependência entre os fenómenos e as pessoas. Um jardim não existe por si, tal como a onda e como tudo o que aparenta existir neste sonho acordado. O que aprendemos com a experiência iludida e iludente é de que o Absoluto não é Deus. Não há Deus.
Há Isso a que queremos unir-nos, esse Absoluto é a Realidade liberta de nós e do mundo. Isso se chama fusão com o Absoluto. Realidade e Absoluto seriam a natureza da visão do desperto. A Isso, não o pode dizer a palavra. Isso é para além das palavras. O que fazer, então com as palavras? Sabemo-las impermanentes como a realidade. Fundirmo-nos com elas em esse Universo que é Silêncio, sem pensamento. Silêncio iluminado. Como imaginar um mundo à nossa semelhança, que somos ruído, como Absoluto? Só o Silêncio, o sem palavras pode dizer dessa Experiência da Realidade. Há.
Também há espíritos ou anjos que ensinam e sopram palavras e música que ouvimos. Essas Vozes do Silêncio são meditação de poetas, onde o coração é um athanor e o Ouro, inspirado pelo Amor é uma taça que se serve e oferece à nossa imaginação. Só a pálpebra que nos sonha é transparência e essa está fechada, na Primavera que há e não há.

Um abraço à Primavera e ao Palo Borges

Anónimo disse...

Desculpem "Paulo" e não "Palo".

Anónimo disse...

Quem, na beleza febril da Primavera, nunca teve vontade de deixar tudo, carreiras, expectativas, famílias, imagens publicas, confortos, amor-próprio, projecções públicas, e se abandonar a uma vida no seio da Natureza que se renova?

O que nos impede?

Anónimo disse...

Nada, a não ser não o fazermos.

Anónimo disse...

Primavera,

Volto para dizer que a fotografia é absolutamente bele e subtil e cheia de brilhos e miríades de luzes e minúsculas flores. Parabéns. Que belo jardim!


PS. Cliquem na imagem e vejam o efeito maravilhoso. Linda, essa Primavera!

Anónimo disse...

Primavera!? Prima mentira! Que saudades do Inverno! E do Inferno.

Anónimo disse...

Primavera Precoce, de Wang.

Quem disse que a pintura deve parecer-se com a realidade?
Quem o disse vê com olhos de não entendimento
Quem disse que o poema deve ter um tema?
Quem o disse perde a poesia do poema
Pintura e poesia têm o mesmo fim:
Frescura límpida, arte para além da arte
Os pardais de Bain Lun piam no papel
As flores de Zhao Chang palpitam
Porém o que são ao lado destes rolos
Pensamentos-linhas, manchas-espíritos?
Quem teria pensado que um pontinho vermelho
Provocaria o desabrochar da primavera?

Su Dong Po

a despropósito, é fotografia ou aproximação á pintura.

Parabéns "Primavera" por esta imagem MAGNÍFICA!

Um abraço e um beijo!

Anónimo disse...

O Primavera já nos tem brindado com estas fotografias há já uns tempos.