segunda-feira, 9 de março de 2009
Os Direitos Humanos
"A noção de direitos humanos é uma noção muito mais ambígua do que pode parecer. O primeiro paradoxo dos direitos humanos é que, por definição, nunca existe uma lista definitiva de direitos humanos. Regra geral, nunca temos todos os direitos humanos. Os direitos humanos pressupõem sempre mais alguma coisa. Não podemos simplesmente objectivá-los e dizer que há uma série de direitos humanos."
- Slavoj Zizek
- Slavoj Zizek
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
22 comentários:
"If one could reduce the portrayal of Cioran to one short paragraph, then one must depict him as an author who sees in the modern veneration of the intellect a blueprint for spiritual gulags and the uglification of the world."
Tomislav Sunic, "Emil Cioran and the culture of death" (http://planetcioran.blogspot.com/2006/10/emile-cioran-and-culture-of-death.html)
O que tem o cu a ver com as calças?
Muito concordo, cara Luiza, em que falar de direitos remete para uma espécie de saldo numa conta dum banco imaginário onde tudo fosse ou deve ou haver, em nós.
Bem sabemos (sabe quem saiba cumprir-se sem passar pelo funil do direito, nem pelo constrangimento do dever), bem sabemos que nunca é uma coisa ou outra, estanquemente, mas o seu movente misto.
Abraço, grato pelo tema pertinente.
Cara chata,
A minha amiga não terá vestido (a crer nesse seu aparte do... vernáculo traseiro) umas calças com o número errado, não?
Um abraço chato, para si!
Que chatice!
Para haver uma lista, é porque não estarão a ser "cumpridos". Para quando uma lista de "deveres humanas"?
ninguém quer saber de mim, não passo dum resíduo sólido...
Isso mesmo, grande parte das pessoas e instituições deste país considera-vos apenas resíduos sólidos... triste verdade.
Enquanto os "resíduos sólidos" viverem, de facto, como se o fossem, não poderão esperar que quem apenas se lhes vendeu para lhes comprar o voto, e nisso um pouco da vida, faça algo mais do que ser fiel a isso mesmo: ser traição desde o começo... até final!
Lapdrey, não entendes que "resíduos sólidos" são os animais!?... Nunca pensas neles, pois não?...
Caro Anónimo,
Porque é que uma translação de sentido é entendida como um desentender? Não venho porquê?
Ou antes: vejo nisso, sim, o desentender de quem desentende precisamente no limite do seu entender.
É bom fugirmos disso: somos tão pouca coisa, afinal...
E os animais são-nos exemplares para tanto em nós...
obrigado, Candido Vilela e Anónimo. Felizmente, ainda há alguém que se lembra de nós e nos protege... mas infelizmente, outros há, que só se lembram de nós no prato!
Sou um pobre diabo “com alma” e já de tudo me aconteceu… e nem um lamento! O que são os direitos humanos? Pois, que se cumpra a lista dos deveres, como muito bem diz o Rui!
“ - Está demonstrado que o que existe não pode ser diferente; porque, tendo tudo sido criado para um fim, tudo é necessariamente para o melhor dos fins. […] quem afirma que tudo está bem diz apenas uma asneira. É preciso afirmar que tudo vai pelo melhor.”
“Pediu esmola a diversas personagens importantes e todas lhe responderam que se ele persistisse nesse ofício seria internado numa casa de correcção para o ensinarem a viver.
Em seguida dirigiu-se a um sujeito que acabava de falar, sozinho, e durante uma hora, sobre assuntos de caridade numa numerosa assembleia.”
“ - O que fazeis aqui? Sois pela boa causa?”
“ - Não há efeito sem causa. Tudo está perfeitamente encadeado e arranjado pelo melhor. Estava escrito que eu fosse expulso da casa da menina Cunegundes, que passasse pelas varetas das espingardas, e que mendigasse o meu pão até poder ganhá-lo: tudo isso não poderia ser de outro modo.”
“ - Meu amigo, creis que o Papa seja o Anticristo?”
“ - Ainda não tinha ouvido dizer isso, mas quer ele o seja quer não, o que é certo é que me falta o pão.”
“ - Tu não mereces comê-lo. Vai-te, malandro! Vai-te miserável, e nunca mais te acerques de mim.”
“A mulher do orador deitou a cabeça fora da janela, e ao ver o homem que duvidava que o Papa fosse o Anticristo, despejou-lhe sobre a cabeça um … Ó céus! A que excessos o zelo religioso impele as damas!
… Jacques, observou a forma cruel e ignominiosa como estavam tratando um dos seus irmãos, um ser com dois pés e sem plumagem, e, para mais, dotado de uma alma. Levou-o para casa, limpou-o, deu-lhe comida e cerveja, presenteou-o com dois florins, e … “
“ – Mestre Pangloss bem me dizia, tudo vai pelo melhor neste mundo, porque eu estou infinitamente mais comovido pela vossa generosidade do que indignado pela dureza desse senhor de capa negra, e da senhora sua esposa.”
BonDia,
A veneração do intelecto pode de facto tornar feio o mundo aos olhos de quem ao intelecto se circunscreve. Pensar, no entanto, não é intelectualizar nem Cuidar dispensa ou desconsidera o intelecto. Os direitos humanos incluem, na essência, os animais e a natureza, e não são convencionáveis, digamos assim.
Os direitos implicam deveres, naturalmente, isto é, deveres naturais à relação com o outro, seja humano, animal ou vegetal. O direito-dever são princípios interdependentes como o yin-yang: yin-yang formam uma unidade e são complementares; o yang contém a semente do yin e vice-versa; nada é totalmente yin ou totalmente yang; o yang transforma-se em yin e vice-versa.
A arte e ciência da interrelação está na Ética. E como a chave da Ética é a liberdade, é uma sorte chegarmos ao ponto de haver uma Lista, por um lado. Por outro, o processo de Listagem embora seja em nome da Natureza é um constante desafio à mesma.
Enviar um comentário