Ao longe, um sussurro de mar em jeito de prece. E assim conta a lenda que o mar amava as flores e que as ondas eram a sua tentativa para as beijar. Contudo, não as alcançava e daí que o marulhar fosse a sua canção de embalar. Secretamente, escutam-na as flores que de mil e uma cores, escondem as suas dores. No entanto, choram quando sentem que a água de sua raízes tem o sal de uma lágrima de mar, corres-lhe a nostalgia de um amor perdido, vasto, tão imenso que lhes (en)canta.
É por isso que em orvalho, de amanhacer e anoitecer, as flores se banham e purificam em toque cristalino de reflexo arco-íris; porque se projectam , em sonho, e abraçam o mar. As mais ousadas, soltam as suas pétalas e voam, livres, no vento. Fazem-se mágico momento. Sonham, fundem-se e são...fragmento de amor que se superou para além da dor.
Por vezes, temos de soltar as nossas pétalas para que possamos também voar e o nosso amor alcançar. Ainda que pareça tão longe, impossível e ingénuo, tudo é possível quando é Primavera em nós, em processo de renascimento e reflorescimento contínuos.
2 comentários:
o aroma da rosa de Platero inspirou-me...um sorriso :)
Fragmentus
grato por me concederes "paternidade" da inspiração para o teu bem conseguido
hino à Primavera
beijinho
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