segunda-feira, 16 de março de 2009
O Dissipador de Rebanhos
Que vemos nós nas coisas senão as coisas que não vemos?
Que vemos nós senão o que ver cremos?
As coisas que não sentimos mas pensamos,
Sobretudo quando só a sentir
Sem pensar nos julgamos?
Pois onde já se viu coisa alguma
Ou alguém que a visse,
Senão pensando haver algo ou alguém
Conforme o crente humano rebanho
Religioso ou não
Unânime sempre o disse?
Pobre de ti que te crês ver
Sem estar a pensar.
Pobre de ti que julgas saber ver quando vês
Enquanto insciente em tudo concebes
O imaginário ente que te crês.
Desperta, desprende-te, desaprende-te!
Não pretendas livrar as partes do todo fazendo um todo de cada parte.
Não suponhas algo existir claramente,
Pois “algo” “existir” “claramente”
É o mais obscuro e místico poetar
Do mais confuso e de-mente do-ente.
Liberta-te de guardar rebanhos.
Desadoece de adoeceres outros por te pretenderes são.
Deixa de te fazer de criança, simples, inocente.
Deixa-te.
Larga-te da mão.
Larga-te da mão.
Pasma-te de te ver a sentir o que pensas.
Arrepia-te de dizer que não sabes o que amas
Mas sim o que é amar.
Abandona o ocultismo de falares de “coisas”, “existência”,
“Fora”, “dentro”.
Desilude-te da “eterna inocência”
De tanto pensando pensares “não pensar”.
Pois, ó intérprete, por isso falso, da natureza que não há,
Ó grande mestre de prestidigitação,
Ó grande ditador de tudo ditando nada pretenderes ditar,
Que és e as coisas que pensando sentes
Senão bolas de sabão
Que sempre instantâneas rebentam antes de as soprar?
Rebentam:
Explodem o ar.
- Fragmento de O Dissipador de Rebanhos.
Que vemos nós senão o que ver cremos?
As coisas que não sentimos mas pensamos,
Sobretudo quando só a sentir
Sem pensar nos julgamos?
Pois onde já se viu coisa alguma
Ou alguém que a visse,
Senão pensando haver algo ou alguém
Conforme o crente humano rebanho
Religioso ou não
Unânime sempre o disse?
Pobre de ti que te crês ver
Sem estar a pensar.
Pobre de ti que julgas saber ver quando vês
Enquanto insciente em tudo concebes
O imaginário ente que te crês.
Desperta, desprende-te, desaprende-te!
Não pretendas livrar as partes do todo fazendo um todo de cada parte.
Não suponhas algo existir claramente,
Pois “algo” “existir” “claramente”
É o mais obscuro e místico poetar
Do mais confuso e de-mente do-ente.
Liberta-te de guardar rebanhos.
Desadoece de adoeceres outros por te pretenderes são.
Deixa de te fazer de criança, simples, inocente.
Deixa-te.
Larga-te da mão.
Larga-te da mão.
Pasma-te de te ver a sentir o que pensas.
Arrepia-te de dizer que não sabes o que amas
Mas sim o que é amar.
Abandona o ocultismo de falares de “coisas”, “existência”,
“Fora”, “dentro”.
Desilude-te da “eterna inocência”
De tanto pensando pensares “não pensar”.
Pois, ó intérprete, por isso falso, da natureza que não há,
Ó grande mestre de prestidigitação,
Ó grande ditador de tudo ditando nada pretenderes ditar,
Que és e as coisas que pensando sentes
Senão bolas de sabão
Que sempre instantâneas rebentam antes de as soprar?
Rebentam:
Explodem o ar.
- Fragmento de O Dissipador de Rebanhos.
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9 comentários:
Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um,
falemos desse outro modo.
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem, se te interessas, posso mostrar-te.
Rumi
ao ler esta msg, ocorreu-me este poema que pora caso tinha lido hj de manhã...
o desapego...o processo de iluminação do(s) bardo(s)...a meditação...a oração...e a prática, sempre, da compaixão mediante a humildade e reencontro do átomo no universo.
adorei!
namastê
I enter the Temple.
As I kneel
the sounds disappear, I do not pray
at my reach there's only the silence
I merge into an obscure divine lightness.
Y.L'A
É interessante ver como o sentido mais fundo da poesia e filosofia portuguesa é a radicalização dessa "titanomaquia", desse combate de titãs, em torno da ideia de realidade de que falava Platão...
A ele assisto, da tribuna da minha indiferença.
Kant,Fé,Razão, redundâncias, e repetições. É esta a 'Filososia'?
Cuidado, Olímpico, pois uma Serpente sempre rói as raizes dos mundos divinos e é das maiores alturas que mais baixo se cai!...
"há sempre o seu quê de loucura no amor... mas há sempre o seu quê de razão na loucura! e quanto a mim, que gosto da vida parece-me que aqueles que melhore se entendem com a felicidade são as borboletas e as bolas de sabão e tudo o que entre os homens se assemelhe" (nietzche); umas enfraquecidas e a estourar com o tempo e outras para sempre eternizadas na memória do que representam! a vida é assim, num soprar nascemos e num estourar já fomos!...
bola de sabão mereces uma boa ensaboadela.
'Nietzsche morreu'
deus
não conhecia este Nietzsche, a ensaboadela fica para quando formos tomar um copo.
abraço
paulo, larga-me da mão. des larga-me, deixa-ser livre ao largo?
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