Acima dele, a Sensível Existência Humana, tece e retece, toca e retoca a harpa e o coração-arca na mão. A Sensível Existência Humana, presa ao que não esquece e a tece, cria e recria os infindos caminhos do perdão. “Saudade”, dizem os seus lábios imobilizados num rosto ovo-criação. “Ai Saudade!” clama o seu corpo entregue ao ritmo de um grito de invocação. Grito vertido num corpo já convertido, já rendido nos braços da eterna mãe, a Criação.
Mulher sentada, mulher curvada, chegam-nos de ti espasmos e traços de silenciosa compaixão. Que te converte nesta terna e esplêndida composição?
Que te contorce para essa doce, suave e ínclita inclinação?
(…)
Vislumbro no teu centro um berço, perscruto no teu âmago um pranto. E choro o que nenhuma palavra diz e o caminho que com nenhuma palavra condiz. E choro e, em pranto, desfaço o meu limite traçado a giz. Junto a ti deixo o meu tear e a minha harpa. É junto de ti, Saudade, que deixo os instrumentos com que os Amigos resgatam a humanidade, com a sagrada composição e a enlevada inspiração, da veemência dos nomes e entregam as nossas vidas na suave e doce melodia da sua respiração. Ao, Paulo, deixo o tear e a harpa, porque o sei espírito puro desta visão: a Saudade viva a compor uma canção, o poema redenção.
2 comentários:
Isabel, muito grato pela belíssima imagem e pelas palavras tão fundas e bondosas!
Paulo, tal como a Isabel também te deixo a minha harpa e o tear.
A ti, Isabel, deixo um sorriso.
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