terça-feira, 30 de setembro de 2008
longe
na noite em que os beirais das casas sem gente por dentro
são repletos de andorinhas e sonhos desfeitos cobertos de musgo e líquenes esmeralda
a presença da desolação
faz com que os vidros que separam as coisas de estarem no fim
fiquem embaciados
e é possível desenhar neles com os dedos letras de ausência e incompletude
porque um dia passou por lá
quem estava de partida
lá onde o chão tem pedras do tamanho de romãs
algumas são pesadas e fazem doer a pele das mãos
outras apenas marginam o sítio onde se está
mas nem pegadas
nem restos de insatisfação
fica suspenso tudo o que não houve
no estendal da espera quando o vento é rubro e tem uma voz áspera
mas nem pegadas
só ervas e poucos sinais de ter havido um tempo que apontava para depois
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5 comentários:
De repente pareceu-me estar dentro de um quadro pintado de verde musgo e castanho, no meio da minha querida serra.
Quem sabe nos Capuchos, por onde tantas vezes brinquei em quartos de frades franciscanos pequeninos como eu
:)
Paulo,
Maravilhosa imagem e poema. Sinto-o tão perto de mim que posso ler as palavras escritas nesse vidro embaciado, mesmo as que lá não estão.
Um abraço e obrigada por este texto.
É Sereia, esse Convento é um dos locais onde me sinto melhor. Mas a foto foi tirada junto ao Palácio da Pena, num dia sombrio, mesmo ao meu gosto. :)
E a Serra, sim. Lá encontro-me.
Lá somos sempre pequeninos (um diminutivo que nos agiganta!).
:)
Saudades!
Obrigada por nada!
:)
E podes ler as palavras, sim...
:)
Outro abraço!Parabéns!
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