O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 1 de janeiro de 2010


10 comentários:

João de Castro Nunes disse...

AINDA HÁ PIOR!

Senhor! quando nasceste na Judeia
em pleno inverno, a tiritar de frio,
não havia em Belém da Galileia
na hospedaria um só lugar vazio.

Como estava a chegar o teu momento,
teu pai, ao cabo de uma vã disputa,
descobriu nos subúrbios uma gruta,
onde teve lugar teu nascimento.

Não tinhas um mantéu para tapar-te,
mas ainda assim tiveste a acalentar-te
o bafo de dois mansos animais.

Pois olha que irmãos nossos hoje ainda,
dois mil anos depois da tua vinda,
passam pior que tu... sob os portais!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

Antes do galo cantar, Pedro...

Anónimo disse...

Adoro estes cartazes remendados apelando ao frívolo reformismo do que é naturalmente imutável. Cheios de cor e lirismo...

Paulo Borges disse...

Na verdade, de que têm servido estes Anos Europeus disto e daquilo?...

JoanaRSSousa disse...

Cabe-nos reflectir sobre isso mesmo. Vale a pena haver cartazes e anos de dedicação a x ou a y?

Anónimo disse...

Reformulo a questão:
Na verdade, a quem têm servido estes Anos Europeus disto e daquilo?...

Claro que vale a pena haver cartazes - é uma forma de empregar gente no sector publicitário e de levar espíritos revolucionários a remar contra a maré até ela ficar a favor, na melhor das hipóteses (ou na pior, dependendo da perspectiva)... Todos nós precisamos de projectos de vida. De remar. De ver remar. De sonhar remar. De acreditar em algo que nos sirva melhor. Perdão, que sirva melhor a sociedade. À luta!
No fundo, no fundo, somos todos como as miss Universo: queremos a paz mundial, amor eterno, amizades fiéis, sociedades justas, saúde até morrer, famílias imortais, mãos fraternais, dinheiro para comprar o impossível e (talvez)inteligência para poder compreender que tudo é mentira. Se possível, isto dito num rebuscado discurso aos microfones da comunicação social com a boca pintada de vermelho coração. Como fazem os políticos, cada qual com o seu símbolo complementar...

Se vale a pena remar? Claro. Precisamos de desporto, de espectáculo e de nos distrair... Caso contrário, como passaríamos o tempo? A ler filósofos e poetas esquizofrénicos?

Paulo Borges disse...

Fausta, tudo isso é verdade, mesmo que aqui e ali seja injusto. Não quer um convite para postar estas coisas cáusticas?

Anónimo disse...

Obrigada Mestre. Enviar-lhe-ei uma mensagem com o meu e-mail.

João de Castro Nunes disse...

Essa dos "poetas esquizofrénicos", ó Fausta, é para o Feitais?!... Só pode! JCN

Anónimo disse...

Não pense que me escapa! Anda de resposta em resposta como um pobre de porta em porta mas não me responde...

O meu "sim?"