Como vem em bola, rola por cima da pele da serpente
A pele é lisa e a bola desliza, desfaz-se, e perde as letras
Escorrem pelo dorso da serpente alada a água de neve
Pinga agora um “s” ali um “o”…
O “l” congelou antes de chegar o Sol.
Chega a chuva em poema líquido
Entorna-se no corpo das plumas
Plumas nevadas, pela neve que não cai
Sobressai da pele verde um ”A” maiúsculo,
Forma-se um pequeno regato do “r”
Nesse regato pode brilhar a lua
Mas não brilha, porque o céu do poema é cinzento
Quase branco, quase neve
Chove agora tanto em cima do poema
Que o poema fica todo molhado, encharcado
Já quase não se vêem as letras
Do poema desbotado e “desletrado”
Está quase parado, parece um floco de neve
A cair devagar do céu abaixo
Tragam um casaco e um cachecol para tapar a Serpente.
Brrrrrrrrr!
8 comentários:
Francamente engenhoso e liricamente delicioso! JCN (um serpentífugo)
JCN!
Veja bem, Serpentífugo, porquê?
Todos sabemos como é afinado... o pior mesmo é quando o seu "mau feitio" desata a atirar pedras e a morder as canelas, aqui do serpentinada pastagem e postagem tambem :)
Se formos bem a ver,JCN! Já se zangou com quase todos os serpentinados. Nem vou contar... vou: com o Feitais, vai de "guardanapo"; com a Fausta, não lhe ensina latim nem latão, com o baal, nem "Fidias" nem fífias! com a Rita nem rosas nem glosas!
Só comigo, gentilmente cede a ser o simpático ser que é. Porquê? É o mistério de Jota Cê...
Não seja assim tão selectivo, J.C!
E não se deixe morder pela Serpente, morda-a, mas com jeito!
Está muito frio lá para a transtagânia de lá?
Um sorriso de simpatia:)
P.S. Seremos clássicos e apolíneos? JCN!
Ora viva, senhora
não congelou ainda
não encaramela
não congela
quem vive da fala
quem cala
é que ao querer
retomar a fala
entaramela
saudá-la pelo regresso rebolando um perfeito meteorológico poema
Incorporando...
O “S” serpenteia a teia da serpente
E evade-se nas asas dum falcão que voa
Mais alto do que o sol, mais crescente do que a lua
Mais longe do que céu, para lá da solidão.
É a hora de derreter a negra neve da noite
E degelar os dedos dos regatos que prendem poemas
Nascidos só para mim.
Deslizo a mão na tangente já aquosa de todas as sílabas
E as palavras desaguam em rios sôfregos de mar…
É então que explode o cinzento em arco-íris de chuva
Vitral estilhaçado nas letras do poema que me grita.
Depois,
Recomponho-me no abecedário do cachecol
Ao cimo do casaco vertical, desbotado
Sem botões por abrir
Sem gente por dentro
Onde perpendicular, adormeço...
Que beleza, Fausta!
Incorpora-se o sol e a lua
E o poema da bola de neve rebola-se no dorso da serpente
Desce pelo caminho de subir
E em cada asa faz-se poente
E em cada olhar faz-se ausente
Presente o "S" canta, encanta
o sopro que deixa cair,
dolente, a inocente e branca
e leve bola que escreve
No cachecol da serpente
Faz, por que sente, uma tangente
ao Sol e levanta-se de enormes asas
Em voo silabado de Serpente
...
Muito gosto em poemar consigo...
Um beijo, Faust(ina)... menina...
Não leve a mal. Gosto do que escreve, já estive a espreitar no "Ferrolho".
Claro que não levo a mal. Sei que sofro de progeria.
No Ferrolho não escrevo. Sujo paredes. Deliciosamente.
Fausta, Fausta! :)
Olhe que sujar paredes também não é muito bonito!...
Atire-lhes, antes com bolas de neve, às paredes com poemas! Que é para elas não andarem para aí a ter saudades de ler futuros nos seus mesmos escritos passados!
Um sorriso bem aberto, repleto de... dentes:)
Ó Fausta, a menina é terrível!:)
Olhe que eu já tentei encontrar um nome para este meu ar tão jovem, apesar dos meus mais de dois séculos existência... Não consegui!
Ainda tenho os dentes todos! Apesar de roer tanta neve, em vez de algodão-doce:)
"Tenho um dente, mas lavo-o!" (risos)
Um abraço, Fausta. Gosto de a ler.
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