O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 17 de janeiro de 2010

a Força Exacta é violência

a Força Exacta é violência.
a Força em espirro, ao acaso, não é violência, é existência.
O mal é Fixar a Força (direccioná-la) porque a natureza espon-
tânea não o FAZ.
Natural é ser FORTE, isto é, avançar.
Violento é o Percurso que antecede o viajante. Antes dos pés:
Sapatos; a estrada.
A Força Exacta é violência.
A natureza não tem, nunca teve, Forças EXACTAS.
E tudo o que o homem faz é tornar exacta a FORÇA.
Ser violento é construir; todo o Edifício é violência.
O homem é o Exacto da Natureza; a falha NATURAL; o Erro.
Deus errou:
fez o homem EXACTO.

Gonçalo M. Tavares, in "Investigações. Novalis"

12 comentários:

platero disse...

é um dos meus craques da escrita
se pudesse voltar atrás gostava de ter sido como ele

platero disse...

"o mal é Fixar a Força (direcioná-la)
a natureza espontânea não o faz"

não é força espontânea impelir e orientar a bola de ténis com a raqueta. Des-direcioná-la, fazê-la perder força até atingir o chão do court - isso é que é espontâneo e natural. E tem um nome:
chama-se entropia.
Não tem interesse por aí alem, quando se trata do jogo de Forças que acelera ou esfria o voo da bola.
Já é grave quando a natureza espontânea outra coisa não faz que esfriar o nosso próprio voo

Julio Teixeira disse...

Todo o barro natural e em estado da natureza ganha forma e arte tocado pelas mãos humanas...

Os edifícios... ah se não fossem as Ordens, Dória, Jônica etc.

E a genialidade humana para transformar a natureza?

Então temos por bem que a natureza existe para servir de matéria expositiva para servir a quê?

Se não para servir de palco ao agente divino que representa deus múltiplo enquanto homem, para que serviria?

Talvez a resposta esteja no mito da confusão das línguas, com a qual tentam os homens expressar a sua genialidade... e até negar o criador...

Ainda consagrado pela vitalidade da natureza cresce o homem como único capar de se transformar em Deus.

E Deus o respeita a despeito do despeito do homem.

Julio Teixeira disse...

(Capaz) e não capar

Julio Teixeira disse...

Aquele mito do corvo no ombro me cabe bem.

Quero ser corvo.

João de Castro Nunes disse...

Quem o impede?!... JCN

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Julio Teixeira disse...

Nada impede, mas faltam ouvidos a quem segredar...

"Os corvos assustam os fanáticos temerosos, mas segredam sábias palavras ao ouvido de quem tem um dever coletivo a cumprir."

Não sei quem disse isso, mas agora entendo porque o disse.

Matar pintos no Brasil tem outro sentido...

Fique de prontidão, com a pedra na mão.

Julio Teixeira disse...

Do ovo já vai eclodir um pintinho...

o Corvinho não!

Estará fora do alcance das pedras num ninho muito alto em algum mosteiro, como convém a uma áve sagrada.

Mas todas as áves e coisas são sagradas, até as pedras.

Aliás, a idade da pedra não terminou por falta de pedras...

Portanto voltar a ela é só uma questão de atitude, e nem é preciso viajar no tempo...

rsrsrsr riso que ninguém é de ferro... nem de pedra.

João de Castro Nunes disse...

Conversa de pintos?!... Não entro! JCN

Anónimo disse...
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