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Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".
"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"
- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente
Saúde, Irmãos ! É a Hora !
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4 comentários:
Ao meu jeito:
CAMINHO DE SANTIAGO
Granítica cidade jacobeia,
onde gastei a sola dos sapatos
ao longo de sete anos de contactos,
escuta uma vez mais a minha ultreia!
Pelas vezes sem conta que trilhei
as tuas praças e os teus recantos,
os teus degraus românicos e santos,
ao céu directamente subirei.
Como durante parte da existència
fiz o caminho que de Portugal
conduz à tua velha catedral,
já não terei que lá voltar um dia
após a morte como ocorreria
se o não fizesse com antecedência!
JOÃO DE CASTRO NUNES
"RUCINHA"
A pétrea Compostela de granito
com suas praças, ruas, soportais
desperta em mim, por causas pessoais,
a sensação telúrica de um mito.
Os anos que passei celeremente
naquela austera e mística cidade
com meu amor, em plena mocidade,
estão de pedra e cal na minha mente.
Evoco-a nos salões da Rosaleda
e sob os velhos choupos da Alameda
em toda a sua céltica beleza.
Sorrindo meigamente, à portuguesa,
nunca talvez se visse em Compostela
rosto tão lindo e alma como a dela!
JOÃO DE CASTRO NUNES
SOB A CHUVA MIUDINHA
Sete anos, meu amor, inesquecíveis
ali passámos entre monumentos,
ali vivemos dias e momentos
vocabulaiamente indescritíveis.
Tudo eram festas, honras, distinções
inebriando os teus vinte e tês anos,
concertos a convite dos decanos
das mais diversas instituições.
Quando nos longos meses de morrinha
te passeavas sob os soportais
para fugir à chuva miudinha,
eu tinha a sensação que à tua beira
havia sempre sol... em doses tais
que iluminava Compostela inteira!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Pobre Sophia, que só viu Santiago de Compostela... de raspão! JCN
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