quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Uma visão armilar do mundo
O “internacionalismo”, sinónimo de "cosmopolitismo", como “formula typica das sociedades modernas nas suas relações umas com as outras”, é assim definido por Fernando Pessoa:
“Esta palavra internacionalismo que significa? Que o sentimento nacional decahe, dada a maior necessidade de relacionar-se com o estrangeiro, e dado, também, o golpe que nesse sentimento vibra, por sua natureza, o instincto commercialista; que cada nação, aparte isso, passou a ser mais rica dentro de si própria, passou a resumir em si tudo quanto é typico das outras nações, que a vida de cada cidade da Europa (por exemplo) passou a conter em si elementos typicos da vida de todas as outras cidades, não só da Europa, mas de todo o mundo – isto quer pela presença em todas as colonias de naturaes d’essas outras nações, quer pelas constantes relações commerciaes e intellectuaes com essas, quer pela diaria informação jornalistica, espectacular, cinematographica […]” – Sensacionismo e outros ismos, p.190.
“Assim, cada um de nós nasceu doente de toda esta complexidade. Em cada alma giram os volantes de todas as fabricas do mundo, em cada alma passam todos os comboios do globo, todas as grandes avenidas de todas as grandes cidades acabam em cada uma das nossas almas. Todas as questões sociaes, todas as grandes preocupações politicas, por pouco que com ellas nos preocupemos, entram no nosso organismo psychico, no ar que respiramos psychicamente, passam para o nosso sangue espiritual, passam a ser, inquietamente, nossas como qualquer cousa que seja nossa” – Ibid., p.187.
Textos notáveis, cada vez mais actuais. Uma visão armilar do mundo:
umoutroportugal.blogspot.com
arevistaentre.blogspot.com
“Esta palavra internacionalismo que significa? Que o sentimento nacional decahe, dada a maior necessidade de relacionar-se com o estrangeiro, e dado, também, o golpe que nesse sentimento vibra, por sua natureza, o instincto commercialista; que cada nação, aparte isso, passou a ser mais rica dentro de si própria, passou a resumir em si tudo quanto é typico das outras nações, que a vida de cada cidade da Europa (por exemplo) passou a conter em si elementos typicos da vida de todas as outras cidades, não só da Europa, mas de todo o mundo – isto quer pela presença em todas as colonias de naturaes d’essas outras nações, quer pelas constantes relações commerciaes e intellectuaes com essas, quer pela diaria informação jornalistica, espectacular, cinematographica […]” – Sensacionismo e outros ismos, p.190.
“Assim, cada um de nós nasceu doente de toda esta complexidade. Em cada alma giram os volantes de todas as fabricas do mundo, em cada alma passam todos os comboios do globo, todas as grandes avenidas de todas as grandes cidades acabam em cada uma das nossas almas. Todas as questões sociaes, todas as grandes preocupações politicas, por pouco que com ellas nos preocupemos, entram no nosso organismo psychico, no ar que respiramos psychicamente, passam para o nosso sangue espiritual, passam a ser, inquietamente, nossas como qualquer cousa que seja nossa” – Ibid., p.187.
Textos notáveis, cada vez mais actuais. Uma visão armilar do mundo:
umoutroportugal.blogspot.com
arevistaentre.blogspot.com
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
um pouco a teoria do bater de asas de uma borboleta. Não sei se visão antecipada, mas lúcida, de Pessoa
o 'agenciamento' deulezeano?
o ser diz-se do devir?
Pessoa, em certos momentos do dia, já não sabia... de que terra era! JCN
Mas há sempre algo que só passa em cada um de nós. Algo imutável, mas que permanece, sem influência. Não consigo descrever ou tão pouco escrever o que é. Mas existe.
Todos somos... inconfundíveis. JCN
Eu tenho mais que fazer
do que aturar as sepentes:
nada me obriga a sofrer
a peçonha dos seus dentes!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Enviar um comentário