domingo, 24 de janeiro de 2010
mortos
"Milhares de estátuas ocupam as cidades,
incrível população!
Somente numa praça.
Estáticas, posadas
mil estátuas marciais.
Nas casas de comércio, de cultura
palácios, templos, hospitais
estátuas, sim, estátuas
sem os rústicos cuidados manuais
destituídas de engenho e arte.
Ruas inteiras congestionadas
metrópoles, países.
Cordilheiras de estátuas pesadíssimas
ora de ouro e prata fabricadas
estátuas de cristal:
proliferam demais
Espantalhos de pedra mantidos
para medrar as flores.
Não se transita mais
senão entre rochedos.
Este Planeta vai rachar
de tanta penedia.
Observem
Conselhos
Ordens, doutos
cátedras, os Júris.
Há estátuas falando, aplaudindo.
Nomeiam-se estátuas.
Atenção para os conceitos de granito:
defendem-se em carne!
A essência dos deuses, carne apenas.
Reúnem-se estátuas todo dia.
Existem comissões formadas só de rochas.
Há estátuas de elite planeando.
Metamorfose tristíssima de ontem:
Um artista virou também.
E as últimas notícias dão-nos conta
que uma senhora queria parir pedras.
Está difícil encontrar um homem.
Não se conversa há tempo sobre ossos.
O grito é som antigo:
Sombria peça de museu da História.
O pranto: uma loucura.
Por não se ver sangrar o coração
sabe-se de memória só
vermelho o sangue.
Quanto ao Âmago do Homem
- Espírito ou Ser –
dizem estátuas
que são coisas mortas..."
Tempo de Estátuas, César de Araújo
incrível população!
Somente numa praça.
Estáticas, posadas
mil estátuas marciais.
Nas casas de comércio, de cultura
palácios, templos, hospitais
estátuas, sim, estátuas
sem os rústicos cuidados manuais
destituídas de engenho e arte.
Ruas inteiras congestionadas
metrópoles, países.
Cordilheiras de estátuas pesadíssimas
ora de ouro e prata fabricadas
estátuas de cristal:
proliferam demais
Espantalhos de pedra mantidos
para medrar as flores.
Não se transita mais
senão entre rochedos.
Este Planeta vai rachar
de tanta penedia.
Observem
Conselhos
Ordens, doutos
cátedras, os Júris.
Há estátuas falando, aplaudindo.
Nomeiam-se estátuas.
Atenção para os conceitos de granito:
defendem-se em carne!
A essência dos deuses, carne apenas.
Reúnem-se estátuas todo dia.
Existem comissões formadas só de rochas.
Há estátuas de elite planeando.
Metamorfose tristíssima de ontem:
Um artista virou também.
E as últimas notícias dão-nos conta
que uma senhora queria parir pedras.
Está difícil encontrar um homem.
Não se conversa há tempo sobre ossos.
O grito é som antigo:
Sombria peça de museu da História.
O pranto: uma loucura.
Por não se ver sangrar o coração
sabe-se de memória só
vermelho o sangue.
Quanto ao Âmago do Homem
- Espírito ou Ser –
dizem estátuas
que são coisas mortas..."
Tempo de Estátuas, César de Araújo
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5 comentários:
Porque não chamar-lhe "A síndrome das estátuas"? JCN
O problema são as estátuas vivas, as que andam como zombies à volta das outras.
:)
Estátuas vivas... é coisa que não há, a não ser que alguém se queira imaginar como tal. Há narcisos para tudo, até para se arrogarem o estatuto de estátuas... a fazer de conta. De tudo existe um pouco na vinha do Senhor! JCN
Faltou-me dizer que esta frase é do homem de saias que dá pelo nome de Dalai-Lama: o seu a seu dono. JCN
Homens Homens bem alimentados em torno uns dos outros solidários e fraternos em vez de estátuas.
São Paulo, por exemplo faz a melhor pizza do mundo, e consome 1 milhão por dia.
Se fossem estátuas vivas comeriam demais pizza.
Já as pizzas mais caras do mundo são feitas em Brasilia, e por incrível que pareça nem são feitas por estáruas vivas, mas por verdadeiros zumbis...
E também vampiros.
São as viuvas de Stálin.
Larápios da mais baixa moralidade.
Ex revolucionários.
Mas ainda esquerdopatas.
Viva então São Paulo, de José de Anchieta e Manuel da Nóbrega, completando hoje 456 aninhos!
Cresceu, essa moça em riqueza, beleza e humanismo!
E vindo de fora como retirante da fome, cresceu um verme que se fez simulacro de estadista.
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