Depois deste local de choro e ira
nada mais há, só o horror da sombra...
Mas a ameaça dos anos, todavia,
há de encontrar-me sempre destemido!
Não importa quão estreito é o portão
quantos castigos são no pergaminho.
Sou senhor do meu próprio destino,
sou eu, o capitão da minha alma!
10 comentários:
Ele... lá sabia o que dizia! JCN
De que lado... é que se encontra o paradgma?!... JCN
Terá Lord Byron, ou lá como se chamava o distinto senhor que se encantou pela vegetação de Sintra?
E qual teu papel, Rui.
Simples tradutor?
abraço aos dois
O que, à portuguesa, lhe valeu uma valente arrochada desferida por um teso moleiro... ciumento. Levou... para contar! JCN
Grato Platero, por teres descoberto o há muito se me escapava. Digo-o, só ouvi este poema pela voz de Cesariny, em verso de "Autografia", filme que acompanha os últimos dias do escritor, que acabaria por falecer relativamente pouco tempo depois. Aí leu o poema indicando-o como folha de testamento de um condenado à morte, neste caso Timothy McVeigh (acho que é assim que se escreve).
Se é então do senhor Lord Byron, ainda melhor! Assenta que nem uma luva!
Resumindo, não fui eu que traduzi, quem sabe não terá sido o poeta em causa. Limitei-me a relembrá-lo, como manda a demais esquecida tradição oral.
Grato Platero, os amigos são para isso mesmo, para incluso terem a frontalidade de nos corrigir e também de facultar, como é este o caso, a mais preciosa informação.
Quanto ao resto, o azedume do costume... Já vi que não gostou muito desta "capitanice", meu caro João. Eu arranjo outro poema para lhe dedicar. Fico triste, é um facto, revejo neste poema muitas das qualidades deste meu amigo, a quem, por hora o saúdo, enviando-lhe um abraço.
Arrochadas à parte, faço esta ressalva, não creio que a ímpar personalidade e sapiência de Platero, por quem nutro o maior carinho e respeito, saia de alguma honrada com a observação 'ciumento', é que João, caro amigo, não tem nada a ver... mas isto, é tão-somente uma observação em diálogo onde de si me afasto em profunda discordância. Não leve sempre a mal, peço-lhe.
Nem tudo nesta vida, que a passos largos se esgota, é ganho à porrada! Far-lhe-á algum sentido este pré-pseudo-aforisma meu caro João?
Tempo de antena esgotando-se... mas, por falar em paradigma, não vejo razão de aqui ser evocada espécie alguma de entrave, o que o poema diz, é explícito, e para bom entendedor, uma saudação basta.
As maiores felicidades! Grande capitão!
Um sorriso, franco. :)
Abraço
Meu caro "irmão de armas": olhe que, ao contrário do que possa imaginar ou pensar, eu tive a sensação, ao ler o poema que me dedicou, de ver-me ao espelho como "capitão" de mim mesmo. Modéstia à parte. Quem sou eu para ombrear com Lord Byron, pese à valente arrochada que lhe aplicou em Sintra o tal moleiro em desagravo da sua consorte cortejada pelo inditoso, mas glorioso Poeta, perante cujo talento arreio o meu pendão. Creia, pois, que me sensibilizou a sua cortesia! Poderei corresponder-lhe em filigranado poema, à Byron ou Neruda, dois dos meus ídolos supremos?
Espero altere a sua má impressão acerca do meu feitio que, por vezes, é tido por intratável, mas injustamente, pois sou tido punhos de renda, muito embora tenha um certo pendor para o jogo da ironia queirosiana, absolutamente inofensiva. É tal "granum salis" que o grande Prof, Vacão, lente dos lentes conimbricenses, recomendava aos seus alunos: graça acima de tudo! Õ saber não é incompatível com o gosto de brincar... honestamente. E com esta me vou, que já os pássaros se estão recolhendo aos ninhos e, amanhã, terei de madrugar para pôr em prático o exercício recomendado pelo nosso comum e admirado Amigo Platero para reduzir a barriga. Que a Deusa das Aves lhe inspire aquilíneos poemas! JCN
"CAPITÃO DA MINHA ALMA"
A Rui Miguel Félix
Não me compete, desde logo, a mim
dos versos meus fazer a apologia,
o que me não coíbe, mesmo assim,
de lhes reconhecer a mais-valia.
Embora longe ainda de Camões,
de Antero e de Bocage no soneto,
afirmam-se, por múltiplas razões,
entre os de tratamento mais correcto.
Exalto neles, mais que coisa alguma,
o conjugal amor entre os esposos,
que sempre esteve mergulhado em bruma.
Pelo seu ritmo e harmónico andamento,
acrisolado e fundo sentimento,
atrás não ficarei dos mais famosos!
JOÃO DE CASTRO NUNES
VENDO-ME AO ESPELHO
Se eu pretendesse acso definir-me
sem narcisismos, objectivamente,
diria de maneira muito firme
que filólogo sou, tão simplesmente.
Quero dizer que estou senhor de tudo
o que pertence às àreas da cultura,
como seja a palavra e, sobretudo,
as várias formas da literatura.
A arqueologia, a história, a epigrafia,
o grego antigo, o clássico latim,
segredos não possuem para mim.
Sumariamente, em síntese, eu diria
que tudo o que no fundo tenho em vista
é ter o estatuto... de humanista!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Serei sumário caro João,
gostei, como, aliás, de outros tantos por si publicados.
Embora reconheça em seus poemas a sua ambição e carácter, não posso deixar de lhe dizer que o são, e muito, também, em punhos de renda, esgrima fina em movimento, desenhando pelo aparo vértices sucessivos em linhas d'escritas e sentidos.
Abraço João e,
muito obrigado!
"Despeço-me com amizade", até breve :)
Repisando, noutra versão:
AO LEME DA MINHA ALMA
Sou da minha alma o capitão sem medo
que a ninguém presta contas, a não ser
a Deus, quando acabar este degredo
a que me condenou... por me querer.
Nas congeminações em que me enredo,
já concluí que Deus, a bem dizer,
àqueles a quem ama, tarde ou cedo,
à prova póe, fazendo-nos sofrer.
À parte Deus, ninguém por conseguinte,
seja por zelo seja por acinte,
sobre minha alma tem qualquer domínio.
Sou de mim mesmo o capitão: só eu
comando a minha nau por entre o breu
sem precisar de mapa ou de escrutínio!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Enviar um comentário