segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
"... é respeitando a diversidade em que tudo se manifesta, que podemos verdadeiramente afirmar a unidade para que tudo tende"
"O pensamento político tem como o religioso o grave escolho do dualismo. Mas há para além do pensamento dualista um pensamento unitário, como há para além do ser dicotómico um ser uno. No desenvolvimento da existência do homem singular ou do homem em sociedade se vão estabelecendo distinções entre alma e corpo, espírito e matéria, ideal e real, bem e mal, verdadeiro e falso, sábio e ignorante, governante e governado, nacionalismo e internacionalismo… Mas o homem que em cada uma delas se manifesta não está em qualquer delas inteiramente: assim numa ideia ou num sistema de ideias não está todo o pensamento do homem, assim num acto de amor ou numa vida de amor não está esgotado o amor.
Importa, pois, caminhar para além das opiniões, não por um desejo de que a unidade fosse, mas pela certeza de que existe. O sentimento de sermos implica unidade, mas uma é a unidade que nos é dada com o ser, e esta é obscura, precária, e para manter-se solicita o seu contrário; outra é a unidade pura e inalterável. Para ela a verdadeira vida é incessantemente caminhar, pois por ela tudo existe. Mas não é unidade absorvente, não é qualquer pálida e majestosa uniformidade. Realizamo-la não negando o que somos, mas procurando cada vez mais pura consciência do que tendemos a ser. E assim não há um partir para a unidade suprimindo a diversidade. Mas antes é respeitando a diversidade em que tudo se manifesta, que podemos verdadeiramente afirmar a unidade para que tudo tende"
- José Marinho, "Sociedade e Rebanho", in Ensaios de Aprofundamento e outros textos, Lisboa, INCM, 1995, p.127.
Importa, pois, caminhar para além das opiniões, não por um desejo de que a unidade fosse, mas pela certeza de que existe. O sentimento de sermos implica unidade, mas uma é a unidade que nos é dada com o ser, e esta é obscura, precária, e para manter-se solicita o seu contrário; outra é a unidade pura e inalterável. Para ela a verdadeira vida é incessantemente caminhar, pois por ela tudo existe. Mas não é unidade absorvente, não é qualquer pálida e majestosa uniformidade. Realizamo-la não negando o que somos, mas procurando cada vez mais pura consciência do que tendemos a ser. E assim não há um partir para a unidade suprimindo a diversidade. Mas antes é respeitando a diversidade em que tudo se manifesta, que podemos verdadeiramente afirmar a unidade para que tudo tende"
- José Marinho, "Sociedade e Rebanho", in Ensaios de Aprofundamento e outros textos, Lisboa, INCM, 1995, p.127.
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6 comentários:
Trave-mestra da de que já dificilmente sairemos Aldeia Global
a questão é, para mim, a existência do uno ou dos universais.
se assim for parte-se sempre de um sujeito (o que respeita a diversidade), logo existe uma escala entre o que pensa a diversidade e o que é aceite como diversidade.
ou entre um conceito que define e outros subsidiários que são definidos, uma espécie de conceitos classistas.
talvez seja necessário abdicar do uno.
a existência do uno e dos universais.
a disjunção na primeira frase fez-me pensar (é o que faz escrever directamente) penso que deve ser uma conjunção.
Parecem avestrizes... a pensar! JCN
Será que eu escrevi mesmo... avestrizes? JCN
Creio que os conceitos de unidade e diversidade, bem como de identidade e diferença, são solidários. Abdicando de um ficamos sem o outro. E, penso, mais perto da realidade, que nada tem a ver com eles. A não ser ser outro conceito!...
Abraço
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