O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 10 de janeiro de 2010

Na época em que colhia frutos
imaginava um campo onde o tempo não existe
as mulheres puxavam as manhãs
com seus longuíssimos cabelos
o amor era macio como a terra prometida
e era tão claro o pensamento quanto o canto feminino
que o céu inventava os seus pássaros.

3 comentários:

Anónimo disse...

Finalizando...

Hoje já não colho mistérios…
O azul do céu recolheu ao casulo carnal da noite
E as mãos secaram nos espinhos dos lápis
Que vincam papéis cansados na espera de mim.
Já não invento pássaros de linho macio
nem cantos de mulher na voz das manhãs…
Devolvo os frutos à terra que me puxa os cabelos
Longuíssimos do tempo.

Paulo Borges disse...

Mais um belo poema, como sempre!

Anónimo disse...

Be...lí...li...ssimo po...ema. Eu go...go...sto. Mui..to.

Escrevo assim... porque tenho frrriio e o poema também me põe a trrre...mer... e a "inventar pássaros.

Grata pela beleza.