O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Ser



"Se todo o ser ao vento abandonamos

E sem medo nem dó nos destruímos,

Se morremos em tudo o que sentimos

E podemos cantar, é porque estamos

Nus em sangue, embalando a própria dor

Em frente às madrugadas do amor.

Quando a manhã brilhar refloriremos

E a alma possuirá esse esplendor

Prometido nas formas que perdemos."

Sophia de Mello Breyner Andresen

9 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Gente fina... é outra coisa! JCN

Paulo Borges disse...

Belíssimo, poema e imagem!

João de Castro Nunes disse...

Ou não fosse de quem é! JCN

Anaedera disse...

Por favor senhores! não me envergonheis...mas ainda bem que ainda consigo fazer alguma beleza aos olhos de alguém!
Obrigada

Semente disse...

Se...

... nem sempre conseguirmos esta proeza,
podemos sempre regressar a Sophia e lembrarmos que sim,
é possível "ser" assim

:) Gostei muito*

ethel disse...

Lindo poema. Linda imagem. Tudo que se acrescente é excesso! Obg

João de Castro Nunes disse...

"Belíssimo" é a marca da casa! JCN

João de Castro Nunes disse...

SOPHIA

O que quis ela foi
nos versos que escreveu:
por isso não morreu
nem o tempo a destrói.

JCN

João de Castro Nunes disse...

Noutra métrica:

O que ela quis ela foi
nos poemas que escreveu
e por isso não morreu
nem coisa alguma a destrói!

JCN