quarta-feira, 7 de outubro de 2009
serpente, II
Que vale o orgulho? A dor é, como a vida, eterna.
Mas a força defende e a compaixão redime.
Sou, na humana floresta a planta heróica e terna.
Contra a violência um roble, e pura a prece um vime.
Por onde reviveu, silvando, a hidra de Lema,
Fuzilou no meu braço a cólera sublime.
Os monstros persegui de caverna em caverna,
Sufoquei de antro em antro a peste, a infâmia e o crime.
E, ó Homem, libertei-te!... E, enfim, depondo a clava,
Inerme semideus, sonhei, doce fiandeiro,
De roca e fuso, aos pés de Onfália, num arrulho...
Alma livre no assomo, e na piedade escrava,
Sou raio e beijo, ardor e alívio, águia e cordeiro.
A força que liberta, e o amor que vence o orgulho!
Hércules (Trilogia II),
por Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac
imagem: Hércules esmagando a serpente, fresco da casa de Vettius
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3 comentários:
Orgulho, para quê?... se tudo é fumo,
se em névoa se desfaz a nossa vida
que nada é mais que folha desprendida
posta à mercê dos vendavais sem rumo?!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Completando:
De nós que fica?... nada ou quase nada
que numa caixa cabe de madeira
de mogno, pinho ou prancha de nogueira
no solo a sete palmos enterrada.
Depois... teremos de justificar
perante Deus, sem mada lhe ocultar,
o nosso tonto orgulho... descabido.
Só nos pode servir de atenuante
para um candente amor termos vivido,
ainda que faltosos... no restante!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Coimbra, 7 de Outubro de 2009.
Hércules esmagando-se.
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