O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 6 de julho de 2008

this fire is out of control, we have got to burn this city!


Despertemos senhores e senhoras,
esqueçam que tripam com camas e pódios,
nossa vida decorre adormecida vacina
na busca pelo transversal perverso
que nos desperta sem querermos descobrir
o que atrái a simplicidade à matéria.

Como raios de luzes a rasgar as nuvens,
estrelas organizam seu legado orgânico
sempre oposto, danada dádiva de epena,
ter que falar sobre o que cresce e insere-se
nos símbolos do presente lacrimejante,
perante moldes compostos falhados de geleia
cujos sonhos semelhantes não se entesam,
são sobrestimados facilmente, requer
características mais masoquistas
que arrogantes, com a velhice começam
a interromper a experiência crua
e, aos magotes de lulas deixo-me
largar ante o desconforto filosófico
para relembrar quem fui e quem serei;
mera lenga lenga a desejar o milho
do vizinho, querido hipocampo FMI,
picuinhando cada tela pombalina como
quem ainda nunca foi experimentado,
dominando-se a implementar o polvo
que nasceu no céu e para lá não voltará,
será nunca libertino da honesta cola uhu
que vive o diário sozinho, acompanhando
este fim do mundo onde se repetem
trepadeiras cobrirem casas inteiras,
é supra geometria sem enfeites falsos,
é a predisposição de quando ouves a
palavra poesia, só arrancada com dentes
afiados à força porque, cada padeiro ama
cabalamente seus bolos recheados e,
não será minha pupila soporífera que,
algum dia, o fará não saborear sua criação
e impedi-lo de a instituír para dEU's provar.

Seremos mártires de voodoo-iluminatii?

A buganvília laranja-pálido cheira a
nicotina alcatroada e bloqueia a passagem
ao carteiro até à moradia onde durmo,
plebeus cardeais intrigam-me, respirando
tudo é erradicável e fácil de respeitar
e, sem querer, implementei grelhas de
desastres hipotéticos que acho desejar,
quando exprimo nada interessar alguém
acreditará nesta ténue e torturada escrita.


in quimicoterapia
2004

1 comentário:

Paulo Borges disse...

Os poetas, cúmplices de Deus no crime da criação (Pascoaes), sopram as chamas do incêndio da existência, para que ele redobre e alastre !