O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 26 de julho de 2008

Janelas

Os pássaros trazem letras de luz para a mesa do dia
Cada manhã, o livro acrescenta uma página para voar
E o olhar é uma canção de vento para a pauta do esquecimento
Quando a cidade acorda, os olhos são janelas rasgadas
Letras entornadas na partitura do sonho, e as flores
São jarros de chorar para regar a alegria.
Chegam versos com o vento à cómoda alta do pensamento.
E o céu de Magritte tem nuvens desfeitas nas asas...
Vêm de longe os pássaros, na boca ficam saudades,
O gosto azul do mar, a voz dos búzios, o perfume dos dias
O vidro das imagens reflecte os versos que os pássaros debicam no lago
Água de letras para as flores do jarro.

1 comentário:

Semente disse...

Sou fã do Magritte!

Ele tem imagens pintadas magníficas. Tem metáforas fantásticas em pinturas que admiro muito. São, de facto, telas que nos deixam a pensar. E isso é que me encanta numa tela. Não é o óbvio, mas aquilo que cada um tira dela, ao olhar e ver a cor, a forma, o sombreado, a luminosidade, a intensidade.

Sou fã do Surrealismo. Para mim é a fase da pintura que mais me encanta. Depois vem o minimalismo, também gosto muito.

:)

Belo texto a acompanhar o Magritte