terça-feira, 8 de julho de 2008
POEMA PARA ILUSTRAR EM CASA
Olha, Daisy
(perdoa, tentei tudo:
Rita, Eva, Amélia, Margarida
Lucy de Lucília – nada joga certo como Daisy )
Está um calor aqui no Alentejo
Neste magrebino Junho
Que me sinto grelhar
Por um Sol inclemente
Sinto-me num forno de lenha em plena combustão
Num microondas à máxima potência
Num ferro-de-engomar com o botão do termóstato
Rodado todo à minha mão direita
Já fechei janelas e postigos
Que vertem directamente para a Rua
Já corri cortinas
Baixei estores
Já vedei frinchas das portas
Com os clássicos chouriços virtuais – de serradura
E olha, Daisy,
Nem assim me liberto
Deste insustentável
Pinatubo
O calor perturba, Daisy,
Com pouca coisa pode levar-nos a uma pontinha de loucura
Sei que não adianta nada o que fui fazer agora:
Fechar à chave
As portas todas
Que atiram para a Rua
Olha, Daisy
(perdoa, tentei tudo:
Rita, Eva, Amélia, Margarida
Lucy de Lucília – nada joga certo como Daisy )
Está um calor aqui no Alentejo
Neste magrebino Junho
Que me sinto grelhar
Por um Sol inclemente
Sinto-me num forno de lenha em plena combustão
Num microondas à máxima potência
Num ferro-de-engomar com o botão do termóstato
Rodado todo à minha mão direita
Já fechei janelas e postigos
Que vertem directamente para a Rua
Já corri cortinas
Baixei estores
Já vedei frinchas das portas
Com os clássicos chouriços virtuais – de serradura
E olha, Daisy,
Nem assim me liberto
Deste insustentável
Pinatubo
O calor perturba, Daisy,
Com pouca coisa pode levar-nos a uma pontinha de loucura
Sei que não adianta nada o que fui fazer agora:
Fechar à chave
As portas todas
Que atiram para a Rua
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
Olha, Platero,
«Lá vem o vento suão que enche o sono de pavores, faz febre, esfarela os ossos, doi nos peitos sossegados e atira aos desesperados...
Morei numa casa velha, tosca e bela à qual quiz como se fora feita para morar nela...»
Assim de cor, os versos não estão arrumados mas o sentir é o de Régio e o do verão...
Saudades
Como seria bom se nos atirassem a todos para a Rua ! Já dormiram na Rua, ó mariquinhas a fazerem de sábios e artistas ? Já curtiram a pele ao Sol e à Lua da existência nua e crua ? Já !?...
No tempo em que fui lobo, não havia portas nem janelas, só uivos,
à lua. Não havia microondas, nem ferros de engomar eléctricos; não havia casas nem blogosfera. Só lobas nuas e cruas, para uivar contra o vento dos gestos e das existências virtualmente dementes.
«No tempo em que festejavam o dia dos meu anos...»não havia mariquinhas. Só lobos maus e lobas desfeitas em cio a curtir ao Sol e à Lua.
Descansem que esse tempo volta... A civilização é como o ego, uma coisa apenas à superfície... Os antigos sabiam que isto tudo é sempre escavacado e dissolvido pelas convulsões do céu e da terra... E só nos resta então despertar do filme ou voltar a ser lobas e lobos, ou deuses e demónios, a ciar e chamejar sem perder tempo a blogar e palrar...
saudades
fui aluno da criatura que pariu os versos
conheci a casa onde morava.
e a própria acácia que o suão fez o milagre de lhe semear num alegrete à entrada da porta - não consta do poema mas eu sei - do seu lado direito.
a canícula continua a mesma, ou talvez pior.
a capacidade de a contar é que é nenhuma.
Enviar um comentário