O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 8 de julho de 2008

Bruteza

A bruteza pura da flor
É como a bruta pureza do amor
A arte mais velha, mais longa
É o subir do olho ao alto azul
Sobre uma terra amena e ampla ao sul
Em sudação de lágrima com sal
E comoção ao ver-se tão diverso e tão igual

Do homem que vem da menina
Que não sabe de onde vem
E é rainha sem vintém
De um Paraíso numa página
Da Lei

A pureza bruta da flor
É a bruteza pura do teu lábio
A latejar de cor e em cada laivo
Um riso, uma procura
Talvez febre
De ser ébrio

4 comentários:

Anónimo disse...

Talvez febre, talvz febre que o verão traz, talvez o gesto de um acenar do sul, talvez de azul o lenço e uma pedra de gelo para refrescar as flores que me nascem do crâneo humano e fero da beleza.



Saudades, Tamborim

Anónimo disse...

Febre de ser ébrio: é isso!

Unknown disse...

:) Lindo! Febre de ser Deus... pois Deus embriaga-se sonhando: abraçemos o nosso velho Amigo Baco.
eheh

Tamborim disse...

Saudades Futuro:) Grata a todos os febris pelos redis dos ébrios bacos.