quarta-feira, 30 de julho de 2008
eu tenho um deus
Toda a gente tem um Deus
Toda a gente
Desde sempre
Teve um Deus
Um Deus que tem uma casa própria onde morar
Mesquita Igreja Sinagoga
Um Templo
Eu tenho um deus menor
Que não se importa mesmo nada que o escreva com minúsculas
Sem casa, sem um tecto
Um sem-abrigo
Um cívico contudo
Que não passa por mim sem me cumprimentar
É baixote e magro
Com as calças remendadas nos joelhos
Barba por fazer
Não a longa e bem cuidada barba dos Deuses únicos
Dos que crêem
O meu deus não é nada mediático
Ninguém o pinta nas paredes ou em telas
Não vem nos calendários
Dos Conventos de religiosas
Dos Lares da terceira idade
Ou de qualquer sapateiro de Bairro
Sacrificado no interior de uma porta de madeira
Não me exige sacrifícios
Nem incensos
Nem a crueldade de caminhar descalço sobre espinhos
Nem colectas espúrias
Para fins quantas vezes duvidosos
É um deus camarada a que nada peço
Apenas agradeço
De manhã quando acordo porque acordo
À noite quando me deito
E adormeço
Vejo-o com frequência ao longo do meu dia
Ao trabalhar na horta
Ao passear no campo
Quando os pássaros indiferentes
Em vez de se assustarem
Cantam
Quando podo as roseiras
Ou planto os meus bolbos de tulipas
Ao mondar as ervas dos canteiros
Quando acendo o lume
E as chamas sobem tranquilas
Não me exige muito
Como eu lhe não exijo nada
Assim nos entendemos
-sem subordinações
Como bons camaradas
eu gosto do meu deus
-com quem faço
intermináveis caminhadas
Toda a gente
Desde sempre
Teve um Deus
Um Deus que tem uma casa própria onde morar
Mesquita Igreja Sinagoga
Um Templo
Eu tenho um deus menor
Que não se importa mesmo nada que o escreva com minúsculas
Sem casa, sem um tecto
Um sem-abrigo
Um cívico contudo
Que não passa por mim sem me cumprimentar
É baixote e magro
Com as calças remendadas nos joelhos
Barba por fazer
Não a longa e bem cuidada barba dos Deuses únicos
Dos que crêem
O meu deus não é nada mediático
Ninguém o pinta nas paredes ou em telas
Não vem nos calendários
Dos Conventos de religiosas
Dos Lares da terceira idade
Ou de qualquer sapateiro de Bairro
Sacrificado no interior de uma porta de madeira
Não me exige sacrifícios
Nem incensos
Nem a crueldade de caminhar descalço sobre espinhos
Nem colectas espúrias
Para fins quantas vezes duvidosos
É um deus camarada a que nada peço
Apenas agradeço
De manhã quando acordo porque acordo
À noite quando me deito
E adormeço
Vejo-o com frequência ao longo do meu dia
Ao trabalhar na horta
Ao passear no campo
Quando os pássaros indiferentes
Em vez de se assustarem
Cantam
Quando podo as roseiras
Ou planto os meus bolbos de tulipas
Ao mondar as ervas dos canteiros
Quando acendo o lume
E as chamas sobem tranquilas
Não me exige muito
Como eu lhe não exijo nada
Assim nos entendemos
-sem subordinações
Como bons camaradas
eu gosto do meu deus
-com quem faço
intermináveis caminhadas
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8 comentários:
não o conheci ainda mas soa a bacano! ;)
Um abraço aos dois, a ti e ao deus.
quer então dizer que estou perdoado
tomo a liberdade de enviar um bêjo
quanto ao deus, cá nos vamos entendendo no meio de uma confusão de gatos (nem sei quantos)
Caramba! Parece mesmo a descrição dum tio meu falecido há poucos meses com 83 anos e que morreu com cara de menino! Era analfabeto e vivia sempre nos campos onde tinha uma pequena vinha de onde fazia um vinho que azedava em 3 semanas e que ele oferecia apressadamente a todos os interessados, ou não interessados. Era um vinho estranho mas que me deixa saudades, embora a minha alergia não me permitisse acompanhar a pressa em salvar tão pouco afamado néctar.
Outra das coisas que esse meu tio de vez em quando trazia do fundo do mato era um mel dulcíssimo. Muitas vezes tirava-o de colmeias selvagens que só ele conseguia encontrar. Tinha alguns cortiços, colocados em locais estranhos por razões que ele não contava a ninguém. E não usava quaisquer apetrechos de apicultor. Uma vez pude vê-lo em acção e as abelhas pareciam tratá-lo como a um velho amigo, com o seu eterno cigarro no canto da boca.
Não tinha inimigos e não via televisão, preferia sentar-se à lareira a contar histórias com a sua voz rouca, mas muito doce. E tinha sempre um púcaro com vinho em cima das brasas que temperava com mel, ainda meio preso aos favos.
E andava numa bicicleta com mais de 40 anos e dizia-se feliz.
Que bom deus é esse que também conheço! Obrigada por este belo e doce, infinitamente doce deus...tão mais simples ainda do que o de Caeiro...
Que encontro com as histórias simples que me proprociona...!Não sei agradecer, mas tento...sorrindo
Belíssimo! Graças!
BonDia Platero.
Tu tens um deus, eu tenho uma roseira, de rosas cor de rosa, da mais bela fragrância.
Gostei do teu campestre caminhar.
Desenhas-me uma ovelha?
não sei como trans(portar)/plantar uma roseira para este espaço virtual
porque, se soubesse, as minhas rosas, mais do que o meu deus, encantariam mesmo quem as visse.
vou tentar no Blog
E eu que não tenho um deus???
Acredito na Terra, na Água, no Sol...
Mas acredito com tudo o que sou. Sinto-os comigo todos os dias.
Sei que me guardam, que me guiam.
Serei monoteísta?
Sou de certeza!
Sei que o Neptuno nunca me perdoará, mas ele sabe ser justo quando quer
:)
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