quinta-feira, 17 de julho de 2008
Estação das queimadas
Sonhai-me como se fora uma seara de Gramíneas, forragem em chamas, voragem incendiária. Labaredas altas, fogo fátuo que nenhuma carne humana soube alguma vez apagar. Olhai-me com olhos de arado, com mãos de foice que se desintegram na impossibilidade de me dilacerar. Vede, pois, que o rasteiro nesta superfície vos toca sem jamais vos agarrar, que a fundura da planície, a recta perfeita, o que se precipita em cascata de fumo nevoento vos deixa planar sem nunca vos aprisionar. Esquecei vossas mãos, vossos braços, pés, olhos e penetrai no mais imo deste lugar onde vossa água, breve, se evapora; o oxigénio se consome e só em fogo, pelo fogo, tudo quanto é nó consumido vos quererá desatar.
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5 comentários:
Caríssima! Vou-me vestir com este texto para enfrentar mais uns degraus da minha descida... sempre a subir, a subir... :)
http://www.youtube.com/watch?v=hL5nls-5oY4&feature=related
O mundo ou a vida não merecem perdão por eu haver existido mas têm uma boa atenuante nesta foto e neste texto...
Sonho-te em chamas.
Chamo-te.
As chamas sobem. A voz també. E o grito há-de sumir-se e sumir-me por não suportar o mundo. Mas não a terra. A planície e o que dela sobe como fumo. Esqueço tudo. E que o grito antes de me apagar, te chame, funda presença, do tempo sem tempo, para a seara sem paisagem.
agora subo. Tu levas-nos bem alto quando falas debaixo e nas configurões ascendentes do fumo.
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