terça-feira, 15 de abril de 2008
Pelo caminho do nada até ao centro do nada
"Por el camino de la nada has de llegarte a perderte en Dios, que es el último grado de la perfección, y [si] así te sabes perder, serás dichosa, te ganarás y te acercarás a hallar. En esta oficina de la nada se fabrica la sencillez, se halla el interior y infuso recogimiento, se alcanza la quietud y se limpia el corazón de todo género de imperfección. Oh, qué tesoro descubrirás si haces en la nada su morada ! Y si te entras en el centro da la nada, en nada te mezclarás por afuera (escalón en donde tropiezam infinitas almas), sino solamente en aquello que por oficio te toca" - Miguel de Molinos, Guía Espiritual, XX, 191.
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23 comentários:
Curiosa a ideia de que sair do "centro do nada" para se misturar com outra coisa é "degrau" onde muitos tropeçam... A não ser se for o "ofício", a ocupação habitual... Estar no mundo como se nele não estivéssemos, como no preceito evangélico ?
A quietude da alma... modo de estar a sós com o divino e isso bastar. Mesmo que aos olhos dos outros isso não seja compreendido e se julgue pecado o que não pode sê-lo.
Perder-se é achar-se. Encontrar-se é perder-se. "Pois aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la" - "Evangelho segundo S. Mateus", 16, 25.
“Ó bhikkhus, há o não-nascido, o que não veio a ser, o incondicionado, o não-composto. Se não houvesse o não-nascido, o que não veio a ser, o incondicionado, o não-composto, não haveria evasão do que é nascido, do que veio a ser, do que é condicionado e do que é composto. Uma vez que há o não-nascido, o que não veio a ser, o incondicionado, o não-composto, há assim (uma possibilidade) de emancipação para o nascido, o que veio a ser, o condicionado e o composto” - Buda Shakyamuni, "Udāna", Colombo, 1929, p.129, citado in Walpola Rahula, "L’enseignement du Bouddha d’après les textes les plus anciens. Étude suivie d’un choix de textes", pp.59-60.
Reconheço este ensinamento, não há palavras para decifrar este "pulso=impulso-criativo" se pudesse falar algo sobre, partir do nada é estar além dele, sem nunca nele ter estado, nem o ar, nem as idéias deste mundo que habitamos. É ele mesmo em essência pra decifrar outras em sua verdade.
Mas eu prefiro o que está escrito no post para alargar o conhecimento. Obrigada!
A alma do obscuro: Aproveita esses momentos extaticos de solidao com o divino e nao ligues ao que os outros possam dizer.
Nao ha nectar mais doce do que a comunhao com o divino, a unica comunhao que satisfaz plenamente. Todas as outras com,unhoes nao sao senao antecamaras para essa suprema quietude da alma.
Nada / Adan. Topam ?
Obscuro, obscuro,
não páras de falar
bem por trás do muro
não vá a máscara tombar
Por terras do sul andas
quem és já se suspeita
os pés de fora tens
pois a cama é estreita
Que tal:
Nada/Adam?
O filme sobre o Tantra tem algo a dizer sobre esta charada ...
«A percepção do desconhecido é a mais fascinante das experiências. O homem que não tem os olhos abertos para o misterioso passará pela vida sem ver nada.»
Albert Einstein
Nunca um génio disse coisa mais banal... Qual é o problema de passar pela vida sem ver nada ? Na verdade já alguém viu alguma coisa ?
Nada-Adam, Dana(da)-Dama, charada-rachada. Topam ?
"Quem vê realmente nada vê de real nem, por mais forte razão, de irreal"; o "olho do conhecimento" "não vê, mesmo se nada há que não veja: assim se acede ao Real na não-dualidade" - Vimalakīrti, "Sutra da Liberdade Inconcebível".
A dona que eu am’e morre d’amor
Amostrade-mh-a Senhor se for favor
Se non morro de morte e de pavor.
A que arde em lume em olhos meus
E choram por vós, onde é meu Deus
Se non morro de morte e de pavor.
Essa que de parecer sem ser
De todas é, ay Deus, obscurecer
Se nom morrro de morte e de pavor.
Ay Deus, amor fati a ti amar
Que eu a possa ver e falar
Se non morro de morte e de pavor.
De Trovador para Trovador
Joan Garcia de Guilhade
"Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!
Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!"
Aqui estou, Senhor Trovador. Na minha Luz e na minha Obscuridade. É capaz de compor trovas a estes meus dois lados, à minha Humanidade?
Lembrai-vos de Manuelinho, que disse que, quando temos uma visão pura, todas as Donas são belas, jovens e lúcidas.
Não. São lesmas, Dona Fea !
Que só a visão pura torna belas mulheres, jovens e lúcidas.
À visão pura de Manuelinho:
(de Chankecham)
"Que pouco è
o que dizer
tenhem da beleza,
os que nunca virom
passar entre pàmpanos e
flores a beira do caminho
à minha amada.
Que pouco ou nada
tenhem que falar
os que nunca virom sorir
aquela que è dona
do meu gozo
e da minha dor.
Oh meu Deus!
Que pena e que tristura,
na alma daqueles
que nunca forom
tocados, polo dardo
do amor!!"
Ainda à visão pura de Manuelinho contemplando uma lesma:
(de Chankecham)
"Assim como
o drogadinho acha
na droga que o destroe
a evasâo dum mundo que
não alcança a comprender,
assim eu, na tua beleza,
amada minha,
encontro a força que me anima
e o alimento que me sostem.
Em cada hora que passo olhando
o teu rosto angelical, deixa
o mundo de existir para mim.
Um paraiso de sonhos e ilusâos
governa inteiro o meu sentir.
E tudo é belo e ditoso e como
num èstase de prazer e de gozo
navego mole, mui mole,
alem do cêo azul..."
Ai, donas, que me ensandeceis ! Com tanta visão pura, não há meio das lesmas me saírem do pensamento !...
Bem me parecia Manuelinho !
Não te saem do pensamento nem da visão, pois que elas abundam por aí no Alentejo... aí é que estás bem: "libertas a alma e a conduzes pelo caminho interior para alcançar a perfeita contemplação e o rico tesouro da paz interior"... aí mesmo, na companhia de flores, passarinhos e lesmas, que a tua visão pura transforma em belas donzelas.
Aqui te deixo mais uns versinhos de Chankecham que, também, se perdia em contemplações:
"Se hà flores
e passarinhos
que enfeitam e alegram as
nossas vidas com seus trinos
e a sua beleza sem esperar outra
recompensa que a de estar felices
a desarrolhar umha vida plena.
Poquè nâo hà de haber almas
belas e puras que labourem tâo sô
por erguer um mundo justo e feliz?
Acaso o espirito que move
o basto universo faino por intere?
Se infelizmente estou errado
que Deus me perdoe !
que Deus me perdoe!"
Já agora um brinde, Manuelinho, na Tasca do Tizé... brindemos pois com Chankecham:
"Tem quem afirma que a taberna é um antro de perdição. É certo,
Eu dou fé de tal afirmação, pois
perdido ando neste vil mundo
desde que o destino me defecou
"a porta dumha tasca"
E penso que me acharei quando
já feito pô e transformado em barro do mais grosseiro possa
dizer que liderado estou de tais
antros de corrupção, na fria e
oscura cova, com umha loisa
bem pesada a me proteger.
Entâo serei livre, puro e santo!
Mas, ainda assim, creio que terei saudades dos antros malditos
que me derom a felicidade que
as trevas do alèm hão-me negar
Salvo que là, também tenha vinho,
tabernas e belas cançâos!"
E, já agora, belas mulheres !
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