O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 13 de abril de 2008

Morrer a cantar

Morrer a cantar
de boca ogivada
no céu azul imediato

4 comentários:

luizaDunas disse...

Ah Paulo...
...e morrer assim, perdidamente.

Anónimo disse...

Uma leitora tardia de Silesius...

A esse canto Silesius diria:

" Ai nós outros homens não sabemos , como so pássaros das florestas ,
Reunir na alegria o timbre das nossas vozes diversas." 265

Mas, uma "boca ogivada" e ainda por cima "no azul imediato" leva-me a perguntar como Silesius:

"Amigo, se todos juntos não devemos cantar senão uma só coisa,
Que canção será, e que coro?" 267

O que se junta à voz de Cassandra? O que é sobreangélico?

"Maior é a diferença das vozes que reunimos
E mais maravilhosamente ressoa o canto comum." 268

Ai que ideia mais linda esta boca pensante e cantante deixou na minha alma a cantar! Voltar ao Outrora cantando e acordando as Sombras...
Que ideia mais linda, Amigo, esta que explica o carácter irresistível dos vitrais perpassados pelo "azul imediato" onde se morre, olhando, indo e cantando...

Ana Moreira disse...

Silêncio que se vai cantar o fado!

Anónimo disse...

Cantar o fado é vencê-lo e calá-lo. Libertar-se.