May, chorando Kyo morto:
«Aquela morte esperava qualquer coisa, uma resposta que ela ignorava, mas que nem por isso existia menos. Ó sorte abjecta dos outros, com as suas rezas, as suas flores fúnerbres! Uma resposta que superasse aquele desespero que arrancava às suas mãos carícias maternais que nenhuma criança recebera dela, o espantoso apelo que faz falar aos mortos pelas formas mais ternas da vida.»
André Malraux, A condição humana (sublinhado meu).
3 comentários:
Não sabemos qual o momento
Em que a luz da vida nos confunde os sentidos.
Estamos, quase sempre, à entrada de uma sala
Onde faltou a luz
Mesmo assim, prosseguimos
Na escuridão,
Sabendo que a luz existe.
É esse o impulso do próprio caminhar,
Na busca dessa luz que sabemos que houve.
Condição humana
Que nos faz sonhar deuses!
Nascemos da luz
Dela descemos pela poeira iluminada
E caímos aos pés do anjo negro.
Descalços, nossos sapatos,
Perdidas, nossas pegadas,
Nesse deserto que atravessámos, todos.
Molhámos nossos passos na água
E bebemos nossa sede dos rios,
Dançámos nus com deus e o diabo.
E rimos de nós, como condenados,
Gargalhámos forte e fizemos barulho
E fomos perseguidos e olhámos para trás
Éramos nós, os deuses que deixámos
E a saudade que sentimos
Era a nossa voz primeira a chamar a memória.
E fundámos um reino imaginário
Onde reinámos: umas vezes mal e outras bem,
Quisemos ser o fogo e perdemos o céu
Quisemos ser o céu e perdemos o fogo.
A luz cega.
A luz despe.
A luz nos projecta para a nossa solidao de individuos.
A luz assusta.
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