O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 4 de abril de 2008

A condição humana


May, chorando Kyo morto:

«Aquela morte esperava qualquer coisa, uma resposta que ela ignorava, mas que nem por isso existia menos. Ó sorte abjecta dos outros, com as suas rezas, as suas flores fúnerbres! Uma resposta que superasse aquele desespero que arrancava às suas mãos carícias maternais que nenhuma criança recebera dela, o espantoso apelo que faz falar aos mortos pelas formas mais ternas da vida

André Malraux, A condição humana (sublinhado meu).

3 comentários:

Anónimo disse...

Não sabemos qual o momento
Em que a luz da vida nos confunde os sentidos.
Estamos, quase sempre, à entrada de uma sala
Onde faltou a luz

Mesmo assim, prosseguimos
Na escuridão,
Sabendo que a luz existe.
É esse o impulso do próprio caminhar,
Na busca dessa luz que sabemos que houve.

Condição humana
Que nos faz sonhar deuses!

Anónimo disse...

Nascemos da luz
Dela descemos pela poeira iluminada
E caímos aos pés do anjo negro.

Descalços, nossos sapatos,
Perdidas, nossas pegadas,
Nesse deserto que atravessámos, todos.

Molhámos nossos passos na água
E bebemos nossa sede dos rios,
Dançámos nus com deus e o diabo.

E rimos de nós, como condenados,
Gargalhámos forte e fizemos barulho
E fomos perseguidos e olhámos para trás

Éramos nós, os deuses que deixámos
E a saudade que sentimos
Era a nossa voz primeira a chamar a memória.

E fundámos um reino imaginário
Onde reinámos: umas vezes mal e outras bem,
Quisemos ser o fogo e perdemos o céu
Quisemos ser o céu e perdemos o fogo.

Ana Margarida Esteves disse...

A luz cega.

A luz despe.

A luz nos projecta para a nossa solidao de individuos.

A luz assusta.