A noite segura-a
Como um barco ao vento.
Dentro dos teus olhos
Acordam as docas
Sacudidas.
E o tempo mastiga
Violento mais um dia
Fragmentos, um braço
Nas garras da espuma
Agitada
Como um barco ao vento
– Sem poder acostar.
Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".
"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"
- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente
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5 comentários:
Magnífico ! Senti a ondulação, do mar e do amor.
Boa Noite Soantes,
Tenho sempre vontade de te falar, quando venho à Serpente e te encontro. Mas no momento em que inicio a dirigir-te o esboço de um cumprimento, para lhe seguir a definição do sentimento que me trazes ao ler um teu poema, há uma bruma que se me desce. Ao mesmo tempo que me incita a abençoar-te abrevia-me o encontro.
O estado de espírito do poema Oximoro é por demais ressonante em mim. E hoje apanhei o teu barco ao vento para me arriscar chegar Aqui, enquanto é noite.
Obrigado pelos vossos comentários. Parecem-me autênticos.
Caro Soantes, podes falar sobre o que sentiste ao escrever este poema ?
Não seria honesto. Para além de uma nuvem e de um fio fino de sentido, que o próprio poema deve deixar ao leitor como um braço estendido
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